No governo Temer golpista, tirania da minoria leva à estabilidade das trevas
Teve vida útil de uma bolha de sabão a balela de Temer de aumentar o Imposto de Renda dos ricos. Pouco importa se o propósito era barganhar apoio no Congresso para as reformas: a quem Temer tentou enganar ao dar vazão à informação?
Como um governo a serviço do agronegócio, da indústria e da banca –de quem, enfim, lastreou sua farsesca ascensão ao poder– seria capaz de apoquentar essa fatia minúscula que o apoia, cerca de 5% dos brasileiros?
Representados no Congresso pelas bancadas BBB (boi, bala e Bíblia), esses 5% têm sido vitoriosos, diante da inércia do restante do país, em sua escalada rumo a uma espécie de "tirania da minoria".
Temer lhes atende com leis, MPs e decretos, facilita a grilagem e o desmatamento, concede benesses e perdoa dívidas, esvazia a Funai, indica que o Estado brasileiro pouco se importa com chacinas nas profundezas do país.
Não é à toa que nesse caldo viceje a deterioração dos direitos trabalhistas e a pegadinha de que a Justiça brasileira é benevolente com o empregado e tirana com o empregador.
Mas Temer sobrevive. Em nome da estabilidade, disseram os bacanas que livraram o presidente acusado de corrupção de ser investigado pelo Supremo. Sim, em nome da estabilidade das trevas.
Enquanto isso, o PT se faz de morto. Em vez de usar o que lhe resta de capacidade de mobilização para se insurgir contra esse circo de horrores, prefere dar soquinhos cenográficos em Temer e torcer para que o presidente sangre até 2018.
É, assim, cúmplice da estabilidade das trevas.
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Doria, novo flerte de Temer, faz aposta arriscada ao correr o país como pré-candidato a presidente –o que o obriga a conciliar a Prefeitura de São Paulo com sua nova obsessão.
Como não tem experiência na máquina pública e seu verniz de bom gestor descascou às primeiras lufadas de realidade, pôr um pé em outra canoa pode lhe custar caro. Se apostava num êxito à frente da maior cidade do país como cartão de visitas, ao não mostrar resultado e passar a impressão de que só pensa em outra coisa, que trunfo terá numa eventual disputa?
O Brasil, Doria começa a notar, é muito maior que São Paulo. Serra e Alckmin o aprenderam a duras penas nas derrotas de 2002, 2006 e 2010.
A ovada em Salvador foi um sinal. Mesmo com o atenuante de que trata-se de um protesto secular, menos grave que os deploráveis escrachos que viraram moda por aqui, tacar ovo só contribui para agastar ainda mais um país em nervos.
Mas não custa lembrar que o prefeito, cuja compulsão anti-Lula beira a demência, é um dos responsáveis pela retórica belicista que marca essa quadra histérica e mal-educada da nossa história.
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