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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

uma verdade angustiante.

Pessoas têm mais medo de prejudicar família do que de morrer, diz pesquisa

Claudia Collucci 

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Em caso de doença grave e incurável, as pessoas têm mais medo de deixar a família em dificuldade financeira do que da própria morte. É o que aponta pesquisa Datafolha sobre hábitos de saúde do brasileiro, encomendada pela companhia biofarmacêutica AbbVie.

Foram ouvidas 2.060 pessoas, de 130 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A preocupação de deixar a família em apuros é manifestada por 29% das pessoas, em seguida vem o medo de morrer (25%) e o temor com os custos do tratamento (24%).

Os que mais se afligem com a situação familiar são os homens das classes sociais A e B. "Isso é frequente no consultório. São pais que participam ativamente das despesas dos filhos, pagando aluguel, escola para os netos", diz o onco-hematologista Jairo do Nascimento Sobrinho, do Hospital Albert Einstein.

Para o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), antes, essa preocupação era mais presente nos Estados Unidos, mas começa a fazer parte dos temores de pacientes no Brasil. "A crise econômica tende a intensificar mais o medo de deixar a família desamparada", comenta Sobrinho.

Segundo o levantamento, câncer é a doença que mais preocupa (65% da população a teme), seguida pelas doenças cardiovasculares (21%), que são a principal causa de morte entre os brasileiros (350 mil mortes por ano). O câncer é responsável por cerca de 190 mil mortes anuais, segundo o Instituto Nacional do Câncer.

"As pessoas fazem uma associação intuitiva entre o câncer e a morte. Já as doenças cardiovasculares não causam o mesmo temor. As pessoas acham que podem conviver com elas", diz Sobrinho.

Para Hoff, o maior temor tem a ver com fato de que, no passado, ao câncer era uma doença fatal na maioria das vezes. "Isso não é mais verdade. É claro que alguns tumores são piores, mas hoje 60% dos casos são curáveis."

Na opinião do cardiologista Roberto Kalil, diretor-geral do InCor e do centro de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, as pessoas não temem tanto as doenças cardíacas porque não acompanham amigos e parentes sofrendo muito tempo com essa condição –como ocorre no câncer.

"Ou a pessoa morre infartada antes de chegar ao hospital ou é internado, faz uma angioplastia ou coloca um stent e logo vai para casa e leva uma vida normal", diz.

Kalil afirma que essa falta de preocupação com as doenças cardíacas é umas razões pelas quais as pessoas não se preocupam com a prevenção. "Hábitos saudáveis de vida, como evitar a obesidade e o sedentarismo, podem prevenir tanto as doenças cardíacas quanto o câncer."

Para 55% dos entrevistados, as universidades são consideradas as responsáveis pela descoberta de novos tratamentos. A indústria farmacêutica é apontada por 23%, e os governos por 2%.

A pesquisa aponta o médico de família ou do posto de saúde mais próximo como uma das três fontes de informação mais confiáveis em saúde (84%). Amigos e parentes vêm em segundo lugar (66%). A farmácia mais próxima é fonte de informação para 55% dos entrevistados.

A chamada mídia tradicional (portais de notícias mais jornais e revistas impressas) é considerada fonte confiável para assuntos de saúde por 21% dos entrevistados. Ferramentas online de busca são citadas por 18% e as redes sociais, por 16% deles.

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