Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 8 de outubro de 2013

“Procuro valorizar as imagens sacras, sempre apreciadas pelos devotos da fé. Esse é o verdadeiro espírito do sertanejo”

Modesto Maciel - um grande artista, sempre identificado com a sua arte. 

Do Blog Cajazeirasdeamor - Cleudimar de Lira


Modesto ou “Moda” como queiram chamar, sempre foi um artista identificado com a sua arte. Seu compromisso com o fazer artístico se diferencia dos demais produtores de arte da cidade, pelo engajamento quase que viciado de trabalhar a linguagem que bem domina – a escultura e torna-la como seu alimento diário, atitude que o fez atravessar décadas, esculpindo a madeira, seja ela cedro, mogno, peroba, cravinho ou umburana branca. Criando peças, imagens representativas do universo místico de seu povo.

Explorando temas do cotidiano regionalista nordestino, como em particular a religiosidade e os argutos sentimentos do homem sertanejo, com muita dramaticidade e expressividade que chega a lembrar Benedito Santeiro, outro grande escultor nascido em Minas Gerais, que inspirado na devoção do povo mineiro tem se destacado como o mias importante escultor sacro da atualidade; Modesto assim define o processo de criação de suas peças: “Procuro valorizar as imagens sacras, sempre apreciadas pelos devotos da fé. Esse é o verdadeiro espírito do sertanejo”, afirma o artista.


Autodidata, cajazeirense da gema como de diz no popular, Modesto Maciel começou a lidar com a arte no final dos anos 60, anos que produziu algumas telas de características beirando ao surrealismo expressivo, cheio de ornamentos definidos pelo desenho mais apurado e bem acabado. Esse preocupação do artista em se mostrar realista, porem, não se apegando tanto ao academicismo, mais preocupado com deformação da forma, o fez produziu excelentes telas com traços e pinceladas nervosas que lembra uma das fases da obra do pintor norueguês Edvard Munch, autor da tela “O Grito”. Esse acervo em óleo sobre tela tem também inspiração e temática vinculada ao imaginário coletivo do povo sertanejo; produção essa que na época foi exposta em algumas coletivas realizadas na cidade.



Nos anos 70 o artista descobriu o gosto pela escultura e começou a entalhar e esculpir. Foi nesses mesmos anos, precisamente em 1978, que Modesto Maciel liderou e formou juntamente com outros artistas plásticos contemporâneo de sua terra, como Mardem Rolim e Graças Rodrigues, uma forte dissidência, contra o regulamento do 1º Salão Oficial de Arte Contemporânea de Cajazeiras, alegando que o evento era injusto e o seu regulamento era falho, pois colocavam numa mesma condição os artistas do sertão, sem muito experiência técnica, com os de João Pessoa, Campina Grande e Olinda, participantes do evento.

Nos anos 80 Modesto foi convidado por padres italianos ligados à diocese de Cajazeiras para ir a Itália fazer um curso de aperfeiçoamento técnico. De volta da Itália depois de ter passados três anos em contato com a arte romana, pisando no solo de Tintoreto e Tiziano, vivenciando as esculturas de artistas geniais como Michelangelo e Bernini, o artista desembarcou em Cajazeiras e instalou uma Escola de Artes Plásticas do interior do Ceará, em Senador Pompeu, onde passou a ensinar a sua arte aos interessados daquela cidade e até as crianças. 



Nesse mesmo período, passou a realizar várias exposições e participar de salões de artes em várias cidades do Brasil, como também no exterior, sendo premiado pelo Instituto Ladin Dom B. Brunnel, em Moema na Itália. Em 2005, o artista cajazeirense participou de projetos de incentivo a arte, patrocinados pelo SESI e de uma mostra retrospectiva realizada pelo NAC - Núcleo de Arte Contemporânea em João Pessoa.

Fonte - Blog Cajazeirasdeamor

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