Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

100 anos de Dr. Waldemar Pires Ferreira, a homenagem da AC2B, traduzida no belo texto de Frassales Cartaxo - transcrito d o Blog 7 candeeiros Caja

 
 
 
Doutor Waldemar e a cura da “perversa
Frassales Cartaxo
(do  Blog Sete Candeeiros Cajá)

Hoje, 9 de fevereiro, faz 100 anos que nasceu Waldemar Pires Ferreira. Apesar do nome, é meu primo legítimo, filho mais velho de tia Cartuxinha (Crisantina Cartaxo Pires) e do major Galdino Pires Ferreira. Médico formado no Rio, Waldemar exerceu a profissão em Cajazeiras durante anos a fio, com muita competência, cuidado, dedicação e amor. Amor ao que fazia, numa época de precárias condições de trabalho, enormes dificuldades para diagnosticar e curar os males da população. O pai de Pepé tinha paciência sem limite e imensa disposição para estudar em livros e revistas, quase todos escritos em francês. Outros tempos, obviamente, bem longe dos recursos tecnológicos de hoje.

Waldemar também foi político, por injunção do grupo econômico, udenista, que girava em torno da usina de algodão e das terras de seu pai, o major Galdino, mesmo não tendo vocação para a miudeza política cajazeirense. Em 1951, elegeu-se vereador com 539 votos, o mais bem votado, quase 10% do total apurado, acima da votação de Zé Palmeira, que era então líder de muitos votos.

Mas não é dessas coisas que desejo falar. Quero recordar um dos muitos casos que enriquecem o folclore em torno de Waldemar, distraído sempre, absorvido com seus estudos, apegado à profissão como poucos, em longínquas décadas do século passado.

É o seguinte. Estudante em Fortaleza, fui passar férias em Cajazeiras, carregando comigo a “perversa”, aquela famosa e então inevitável carga de blenorragia ou gonorréia, da qual ninguém escapava naqueles tempos. (Salvo os seguidores de Rafael Holanda, no enforcamento na “palmita de la mano”, diante a visão deslumbrante de Brigite Bardot (que saudade!) nos cinemas de Cajazeiras...). Pois bem, a “perversa” estourou justo dois dias após descer do ônibus de Cirilo. Alguém aí, sabe do quem falo?

Morto de vergonha, corri ao consultório de Waldemar, afinal era médico e primo. Sem grana pra comprar as injeções que faziam sucesso e, sobretudo, porque evitava o tratamento penoso e horrível do dedo no cu para massagear a próstata etc etc, não havia outro caminho. Waldemar ouviu, pacientemente, minha narração gaguejante, falou da maravilha que é a penicilina, criticou a ausência de cuidados sanitários, patati, patatá. No fim da conversa, após me fornecer a preciosa caixa de amostra grátis, saiu-se com esta:

- Meu caro Frassales, o melhor remédio é dar repouso ao órgão, disse. E repetiu, repouso ao órgão, repouso ao órgão é o melhor que você faz.

Acho que nem o padre Rolim dera semelhante conselho a nosso avô Higino Gonçalves Sobreira Rolim, quando ele, rapaz fogoso, chegou de Lavras da Mangabeira para escapar em Cajazeiras.

Saí do consultório de Waldemar com a caixinha salvadora, feliz. Feliz e preocupado. No vigor de meus 18 anos, como poderia dar repouso ao órgão?

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