Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ORQUESTRA MANAÍRA

Orquestra Manaíra



Orquestra Manaíra


Cajazeiras. 8°. Reencontro. 21 de agosto de 2010.

Quando entrei na AABB me deparei com umas banquinhas vendendo artesanato, livros, cds e revistas. Dou uma geral para ver o que tinha de interessante e, descubro um cd da Orquestra Manaíra. R$ 5,00? Evidentemente que se trata de um cd caseiro. Comprei de imediato. Muitas músicas que a Orquestra Uiraunense de Baile estava tocando naquele momento em que eu estava com o cd em mãos eu já tinha ouvido muito em minha vida de criança em Cajazeiras. Por quem? Exatamente pela Orquestra Manaíra. Explico.

Os ensaios da Manaíra eram ali naquela salona que fica nos fundos do Círculo Operário, e eu e Ivaldo, meu irmão falecido, e mais alguns guris da Rua Pedro Américo, ficávamos sentados no chão da porta de entrada, no batente, ouvindo aqueles craques dos metais. Além da música eles ensaiavam coreografia. A orquestra disposta em filas, fazia com que, em determinado momento de uma nota musical, a primeira fila se levantava e logo a seguir se sentava para a segunda fila se levantar e depois sentar... Todos tocando. Parecia um balé musical, como os botões dos instrumentos apertados e soltos, baixados e levantados para emitirem notas musicais.

A Orquestra Manaíra era famosa em toda região, principalmente porque ela também tocava em carnavais. Era bastante perceptível o prazer com que aqueles senhores tocavam seus instrumentos. “Seu” Esmerindo Cabrinha, também maestro, era vizinho à esquerda de minha casa, na Rua Pedro Américo, e era comum vê-lo, na calçada de sua casa, sentado numa cadeira de balanço, assobiando com uma pauta musical em mãos e balançando o dedo indicador como se estivesse regendo a orquestra. À direita, quatro casas a diante, residia Vicente de Joaninha, também saxofonista da orquestra. Mesmo da calçada de minha casa dava para ouvir seu ensaio caseiro com o saxofone.

Inesquecível ver e ouvir Mozart tocar sax, Milton no trompete, Rivaldo Santana no trombone de vara, Adelson na percussão e tantos outros que, de nome não mais lembro, mas lembro perfeitamente a sonoridade jazzística que marcou minha alma. Mais tarde descubro que a música de Glenn Miller era a música que eu ouvia da Orquestra Manaíra. Isso mesmo, a ordem era essa: Orquestra Manaíra e depois Glenn Miller, por razão infanto-sentimental.

Com certeza a Maníra foi o gérmen para outros grupos musicais, como a Orquestra Chaveron, de Zeilto Trajano, a Santa Cecília, de maestro Cabrinha, etc. e provavelmente a Manaíra tenha sido filhote da Orquestra Tabajara de Severino Araújo, fundada em 1934, em João Pessoa.

Mas volto ao cd da Manaíra. Na festa do 8° Reencontro estavam presentes filhos do Mozart Assis e dirigi-me a um deles e mostrei o cd que acabara de adquirir e queria informação se ele sabia algo dessa gravação. Informou-me que foi uma gravação feita por um irmão dele com o que de mais moderno havia na época, que eram rolos grandes de fitas magnéticas. Quando eu buscava extrair mais detalhes desse trabalho, sou puxado por alguém que não via há muitos anos, o que acabou desviando minha pesquisa com o filho do empresário da comunicação e músico cajazeirense.

Quando vou pro meu trabalho, é inevitável ouvir no som do carro a Orquestra Manaíra. Tem cada música que dá vontade de parar o carro e sair dançando pelas ruas como Fred Astaire em Singin’ in the Rain (Cantando na Chuva, no Brasil).

Eduardo Pereira
E-mail: dudaleu1@gmail.com
Fonte das fotografias: blog O Último dos Moicanos.


 

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