Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 18 de setembro de 2010

CHOPERIA DO TEATRO



Como toda cidade brasileira – não digo do mundo todo porque não o conheço, pois Cajazeiras é minha referência de meu mundo – Cajazeiras tem muito bar. Graças a deus que o número de botecos ultrapassa o de farmácias e de igrejas evangélicas, dois itens na cesta básica do quadrante urbano brasileiro.
Ontem falei aqui nesse blog sobre o Bar do Vasco e, hoje, quero registrar o meu apreço pela Choperia, que fica ali ao lado do Teatro Ica, o Teatro Municipal de Cajazeiras. Aparte as pendengas de que a Choperia é alugada para o Teatro, não sei por quanto, e não sei de que modo contratual, ou seja, quem é quem nessa ziquizira, o que eu sei é que a Choperia se tornou um point de primeira linha na boemia cajazeirense.
Estive lá, agora por volta dos festejos do Dia da Cidade e da 8ª.  Festa do Reencontro. Chegando à Cajazeiras vou à Choperia. Ela também está no meu itinerário de copo e talheres.
É verdade que é uma clientela diferenciada. Diferenciada como a freguesia de meu querido Bar doVasco; distinguida como o boteco que a gente toma uma cerveja ao pé do balcão e dá um grito por algum colega que passa de carro para chamá-lo à um copinho levantando o mesmo.
Estilosa em seu espaço ao ar livre, telões pra clips de MPB, rock nacional e internacional e, em certos dias, som ao vivo com um forrozinho pé de serra gostoso pra se dançar e bom de se ouvir,  regado com uma cerveja geladinha e uns bons petiscos, não há nada mais salutar quando estamos juntos à amigos e amigas em bate-papos ladeira a baixo na gramática das confidências e do escancaro das opiniões acima dos 600 ml de cerva, que aqui não se trata da fêmea do cervo.
Fácil de perceber que a clientela é de gente que estuda nas faculdades públicas e privadas de Cajazeiras. Gente universitária. Gente, aparentemente, desgrilada das trivialidades interioranas. Para alguns a Choperia é um ambiente elitista, público selecionado, como já li em algum periódico eletrônico.
A Choperia é o bar da noite onde presumivelmente rola a última conversa da tese acadêmica do colega sequioso de semântica. A Choperia é o alto falante da última banalidade ocorrida nos becos e botecos da cidade. A Choperia é o escaninho de onde desenterramos o falso sábio e o falsário da espontaneidade.
Tudo isso é a Choperia. Tudo isso é o Bar do Vasco. Tudo isso é o bar da esquina da Camilo de Holanda, da Asa, da Rua dos Ricos, do Jardim Oásis, do Bairro dos Remédios... De onde houver interlocutores intermediado pelo copo, pela lata, pela garrafa, pela dissertação, pelo giz e pelo datashow. De onde houver um mictório para aliviarmos a bexiga com o líquido de uma única cor, apertando um botão para a descarga ou puxando um cordão sebento e imundo.
 Eduardo Pereira
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