Sempre que vou a Cajazeiras fico hospedado na casa de meu irmão Erisvaldo - mais conhecido em Cajazeiras por Pereira - que fica no Bairro dos Municípios, antigo Alto Cabelão. Fico lá, porque se eu for p’rum hotel, minha caveira estará pronta, ou seja, ele e minha cunhada torcem meu pescoço até dizer chega.
Pereira é chegado numa cerveja que é uma belezura. E eu também. Aí, pronto, o bicho pega. Quando chego em casa, as vezes já tarde da noite, onde os botecos derredores já estão fechados, isso não é problema para tomar a saideira (s) com meu irmão, porque ele consegue comprar cerveja mesmo assim, ali pertinho de casa. E onde é esse local que se presta a abrir p’rumas cervas extras? Pelo menos para Pereira, cliente vip, é o Bar do Vasco. É um pulo até lá.
O Bar do Vasco também é minha parada obrigatória a todo canto que saio. Não para beber uma cerva, mas sim para se deliciar com água de côco. Se vou sair, antes passo lá e sorvo uma aguazinha de côco.
Pois bem. Enquanto sorvo minha salutar água natural, fico observando as paredes do bar, que são verdadeiros painéis com quadros emoldurados do Vasco da Gama, naturalmente, da Seleção Brasileira, do Atlético de Cajazeiras, fotos da galera que lá freqüenta, como o vascaíno Darlan – e mais uma ruma de vascaínos - de dona Nazaré Lopes, professora que foi da metade dos estudantes de Cajazeiras, e mais pôsteres de mulheres peladas, desses que as borracharias adoram também plantar em suas paredes. Fotos também de Pérpetuo e alguns outros craques do futebol cajazeirense que fizeram a nossa glória esportiva.
Muitas fotos e pôsteres já estão desbotados pelo tempo, mas não são retiradas nem a pau. Nem a tinta da parede que o tempo vai descascando os expulsam de lá. Evidentemente que, nem de gracinha alguém se atreve a pedir para colocar um pôster do inimicíssimo Flamengo.
O Bar do Vasco não é um local novo, é meio escuro, porém não é nenhum boteco desses que os bebuns profissas chegam ao pé do balcão, depois de uma talagada dois dedos, um em cima e outro lá embaixo, e após uma careta, dão uma goipada ao pé do balcão, formando um lago que, se brincar, tem mais água do que o Açude Grande, com o agravante da poluição etanóica.
No meio dos pôsteres e fotos existe um espaço de quase um metro quadrado para fotos de gente que: não são torcedoras de clubes, não são mais freqüentadores do bar, não são atletas de clubes de Cajazeiras... Resumindo: não são mais gente. Isso mesmo, um painel de gente que já passou desta para a outra. É um negócio meio estranho aquelas fotos se misturarem a cartazes de mulheres peladas, gostosonas, e times de futebol.
Só os espíritas é que gostariam de estar nesse time-além. Eu estava lá com Sales, meu outro irmão, fomos pegar meia dúzia de Skol, e, espírita, ele falou: “é pra esse time que eu quero ir”. Repliquei: “hômi, dêxe de bestêra e vamos incorporar nessa meia dúzia de Skol!”.
De Millôr Fernandes: “As horas solitárias da madrugada não são boas num bar cheio de gente”.
Eduardo Pereira
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Obs.: A Foto do Dia está aí abaixo.
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