O formidável poder
Mais uma vez pensei estar lendo errado. Perdida no fim de um parágrafo da reportagem do "New York Times" sobre Harvey Weinstein, publicada na "Ilustrada" do dia 13 último, havia uma surpreendente informação. Weinstein, você sabe, é o produtor de cinema acusado por nove entre dez mulheres de Hollywood de usar sua tremenda posição na indústria para tentar obrigá-las a ir para a cama (ou para o sofá) com ele. E a informação era a de que alguns de seus funcionários eram encarregados de "obter injeções penianas para tratar a disfunção erétil do chefe".
Quer dizer que Harvey Weinstein —que, pela quantidade de mulheres que o incriminam, parece nunca ter feito outra coisa na vida senão sexo— é, com todo respeito, brocha? Se isso for verdade, ninguém precisará de mais que uma psicologia de bolso para explicar sua exaustiva militância sexual. Ele jogaria todo o seu peso na comunidade do cinema para "compensar-se", claro, de uma performance nota 3.
O problema, em minha opinião, era como Weinstein lidava com essa deficiência quando uma de suas vítimas aceitava fazer-lhe o serviço. E esta nem precisava ser Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Lea Seydoux ou Cara Delevingne, que foram apenas algumas das estrelas a quem ele ameaçou com o dá ou desce. Podia ser uma das centenas de anônimas figurantes, ascensoristas e manicures que também atacou.
Posso imaginar Weinstein pedindo um minutinho de paciência à moça enquanto corria para o toalete munido de um kit de gaze, seringa e um frasquinho com uma dose de prostaglandina —substância que, injetada nos corpos cavernosos do pênis, dilata os vasos sanguíneos e provoca ereção instantânea com o fluxo do sangue para o dito.
E só então, de arma em riste sob a cueca, Harvey Weinstein reaparecia para exercer o seu formidável poder.
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