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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O espírito natalino não amoleceu todos os corações do Supremo.

A vez de Maluf

Bernardo Mello Franco 

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O espírito natalino não amoleceu todos os corações do Supremo. No último dia antes do recesso, o ministro Edson Fachin assinou uma decisão histórica. Mandou prender Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo.

Em maio, o tribunal condenou o deputado por lavagem de dinheiro. Depois de três meses, rejeitou seu recurso contra a sentença. Passaram-se mais quatro meses, e o homem continuava a circular livremente entre a Câmara e o Palácio do Planalto.

Nesta terça, Fachin impôs um fim aos passeios. Ele determinou que Maluf comece a cumprir a pena em regime fechado. O ministro considerou que os embargos da defesa eram "meramente protelatórios", ou seja, visavam atrasar a aplicação da lei.

Não será a estreia do deputado atrás das grades. Em 2005, ele chegou a ser preso sob acusação de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Passou 40 dias no xadrez, mas foi libertado pelo Supremo.

Depois disso, Maluf ainda entraria na lista de procurados da Interpol. Parou de viajar para o exterior, mas recuperou a influência política por aqui. Conquistou mais três mandatos e recebeu a célebre visita de Lula na campanha municipal de 2012.

Nos últimos meses, o deputado passou a ser cortejado por Michel Temer. Foi convidado a almoçar no palácio e disse ter "101% de certeza" de que o presidente era "correto, decente e honesto". Pano rápido...

Aos 86 anos, Maluf deve usar a idade avançada como argumento para não ficar na cadeia. Ele deve ser autorizado a cumprir parte da pena em sua mansão, que abriga uma das adegas mais famosas de São Paulo.

Apesar da condenação, o caso é uma boa amostra da lentidão da Justiça. O deputado foi enquadrado por ocultar dinheiro desviado em sua última gestão na prefeitura, encerrada há mais de duas décadas. Muitas denúncias feitas na época prescreveram sem julgamento. Por pouco, a acusação de lavagem não teve o mesmo fim.

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