Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Não é apenas em Brasília ou na política em geral que Maia se tornou uma hipótese de poder, por exclusão.

Não tem tu, vai tu, Maia 

Vinicius Torres Freire



RODRIGO MAIA ainda não é um candidato emergente à Presidência, dizem parlamentares próximos do presidente da Câmara. Michel Temer é que submerge, na verdade afunda.
Maia "joga parado", dizem esses deputados e um senador. Espera um fato consumado, quase uma aclamação, sem se comprometer. Porém, esses parlamentares não sabem dizer como será possível juntar 342 deputados para dizer "Fora, Temer" e afastá-lo do cargo.

Parlamentares outros dizem que a associação com Temer é contagiante feito a peste. Alguns dizem ter pesquisas sobre o efeito eleitoral da aliança com o presidente, que seria devastador, em especial no Nordeste. Note-se que é lá que Lula é mais popular; é a região que ainda mais sofre, de longe, com a recessão.

Não é apenas em Brasília ou na política em geral que Maia se tornou uma hipótese de poder, por exclusão.

Havia um consenso entre donos do dinheiro grosso a respeito da deposição de Temer: melhor não fazer marola. Trocar Temer por Maia seria seis por meia dúzia, com o inconveniente do tumulto. Inventar eleições antecipadas seria pior ainda.

O problema de Temer é que ele se tornou mais do que motivo de marola, mas de ressaca, de mar revolto contínuo. Ouve-se ali e aqui que talvez seja melhor acabar logo com essa agonia. Temer estaria paralisado para se dedicar a sua defesa, bidu. Vai ficar ainda mais acuado quando vierem novas denúncias da Procuradoria-Geral ou quando começar a vazar a delação pesada de Eduardo Cunha.

O estado moribundo de Temer não é, porém, opinião que tenha se espraiado, até porque muita gente na elite econômica não entende o que se passa em Brasília, porque a situação de Temer muda a cada dia e, desde a semana passada, para pior.

Trata-se aqui de representantes de parte dessa elite mais vocal, nas internas ou em público, que se ocupa um pouco mais de política ou, mais frequente, que deixa vazar suas impressões e humores para o universo político, para o PSDB em particular, embora se façam escutar também no DEM e no PMDB.

É gente pesada das finanças, de empresários com afinidades tucanas e com a Rede (sic) e mesmo de associações da indústria, várias ligadas ao PMDB, algumas das quais davam um raro apoio público a Temer ainda na semana passada.

João Doria, tucano prefeito de São Paulo, começou a estudar com será o desembarque. Considerados os seus modos em geral discretos e suaves, o senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, grita pelo desembarque, pede o apoio do PMDB e sugere um pacto geral, que inclua oposicionistas, para fazer uma transição.

Tasso deu, enfim, o primeiro passo que muitos parlamentares esperavam, escondidos na esprei- ta, pois temiam ficar na chuva, se queimarem sozinhos, diz gente do Congresso.

Empresários preocupados seriamente com reformas não acreditam que a troca de regente da coalizão reformista possa salvar grande coisa da mudança na Previdência. Mas levantam a hipótese de que Maia no lugar de Temer pode ao menos estabilizar o ambiente político, evitar que um tumulto que dure meses possa continuar a abater demais a confiança de consumidores e provocar uma recaída. Quanto à confiança deles mesmos, dizem que o investimento mínimo projetado vai sofrer. 

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