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domingo, 19 de março de 2017

No semiárido nordestino, a imagem do petista tem contornos quase míticos.

Lula visita neste domingo região do rio São Francisco em que é idolatrado - Victor e Knapp 

Victor e Knapp



Anunciada com estardalhaço nos últimos dias nas redes sociais, a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Monteiro (PB) e Sertânia (PB) neste domingo (19) correu de boca em boca nessas cidades como fato consumado antes mesmo de o petista confirmá-la.

Quando o presidente Michel Temer (PMDB) esteve na região no último dia 10 para inaugurar o eixo leste da transposição –num evento fechado para convidados, entrecortado por gritos de manifestantes do lado de fora–, os sertanejos ouvidos pela Folha já faziam planos para receber Lula.

No semiárido nordestino, a imagem do petista tem contornos quase míticos. A despeito da campanha publicitária maciça do governo federal sobre a chegada das águas da transposição, entre as dezenas de entrevistados feitas em uma semana (de 10 a 15/3), preponderou a opinião de que Lula é o responsável pela obra.

Da mesma forma, quase todos afirmaram que votariam no petista se a eleição fosse hoje. Na zona rural, não houve entre os entrevistados uma única voz dissonante. Nas áreas urbanas da região por que passa a transposição, ainda que Lula também seja majoritário, a reportagem ouviu vozes críticas à corrupção nas gestões petistas e eleitores desiludidos com a política.

A transposição contribuiu para a popularidade de Lula, mas é listada, como justificativa de apoio, ao lado de outras políticas que beneficiaram maciçamente os nordestinos, como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo, a geração de empregos e medidas menos vistosas contra a seca, como distribuição de cisternas.

Há quem nem saiba o nome do atual presidente, como o sapateiro aposentado João Soares de Souza, 76, de Monteiro. "Estamos esperando vantagem [com a transposição]. Se não tiver, desvantagem não vai ter. A seca está malvada, os invernos meio poucos, com uma chuvinha de não fazer água. O povo sempre tem fé no Lula, foi ele quem começou a enfrentar isso, depois ele botou a Dilma. Diziam que ela fazia melhor do que o que entrou...". Mas quem entrou no lugar dela? "E eu sei lá. Não sei não."

A 65 quilômetros dali, num aglomerado de casas de uma mesma família chamado Cancelas, zona rural de Sertânia (PE), o lavrador Marcos Antônio de Siqueira, 46, e todos os seus parentes são lulistas.

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