Fui vítima hoje de violência contra obesos dentro de um prédio comercial em Botafogo, conhecido por abrigar dezenas de consultórios médicos. Quando o elevador, na descida, parou, já lotado, num dos andares, três senhores tentaram entrar na cabine, mas não conseguiram, um deles, o mais velho, ao meu ver, culpou-me pela lotação. Com as portas sendo fechada, ele começou a chutá-las e a me xingar.
Visivelmente transtornado, o senhor, aparentando uns 70 anos de idade, foi contido pelos outros dois amigos que o acompanharam.
Dentro do elevador, uma senhora, também obesa, mas que não foi vista pelo maluco, começou a desesperar-se.
Já livres da fúria desse senhor, os passageiros do elevador começaram a comentar o nível da violência urbana.
Ficou claro que se aquele senhor conseguisse entrar no elevador ele partiria para a agressão física contra mim.
Senti, pela primeira vez, o pânico de outras pessoas que são vítimas dos homofóbicos, racistas e misóginos. Claro que, como obeso e negro, sou vítima permanente de preconceitos, mas nunca cheguei a ser ameaçado fisicamente como hoje.
O sentimento, diante dessa situação, é muito complexo e nada cristão: não senti pena daquele senhor. Tive raiva. Raiva somatizada por todas essas violências praticadas contra cidadãos.
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