Andréa Pachá
Um homem, com uma criança no colo, descia em disparada uma ladeira, atravessando no meio de carros, desatento aos buracos e aos obstáculos.Indignado com a irresponsabilidade, um cidadão que subia a rua o interceptou agressivamente:
- Como você tem coragem de expor esse menino ao perigo? Deixa de ser alucinado, senão eu chamo a polícia!
Exibindo o rosto da criança, ele retrucou aflito:
- É o seu filho! Acabou de sofrer um acidente e eu estou tentando chegar ao hospital!
O cidadão, constrangido e abalado ordenou:
- Então corre!! Mais rápido!!!
Ouvi essa história há uns anos e não imaginei que, em tão pouco tempo, chegaríamos aqui.
Em nome do que consideramos verdadeiro e bom, mudamos nossa orientação, nossos limites, nossos princípios e garantias.
Se as regras não são claras ou não são aceitáveis, mudemos as regras, lutemos por regras mais justas e menos arbitrárias.
O risco de nos tornarmos régua de comportamento, e arautos da moralidade e da verdade, é que muitas vezes, não será o nosso filho no colo de ninguém. Apenas alguém irresponsável nos colocando em perigo.
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