Almanaqueiras: ou não queiras.

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domingo, 4 de dezembro de 2016

Eleições gerais ontem.

 Carlos Eduardo Alves

Diretas ontem

De repente, com a confirmação que a genial equipe do mercado só acentuou a recessão, setores mais espertos da direita começam a vazar na mídia a descrença sobre o governo Michel Temer. O quadro que se desenha está mais claro: não há como um presidente sem chancela de votos governar um país em imensa crise econômica. 


Tudo é mil vezes agravado quando se sabe que o núcleo duro de Temer cai um a um. Padilha está na fila. O governo, com o aval de um Congresso majoritariamente velhaco, com certeza tem força para aprovar o que quiser no pacote que ceifa direitos. Mas provavelmente não terá como segurar a rua quando o efeito dessas medidas chegarem ao cotidiano dos cidadãos.

E a esquerda? Hoje também está clara a insanidade de setores que se opuseram à luta por Diretas Já quando o destino de Dilma estava selado principalmente por falta de apoio popular, frise-se. O argumento primário dizia que pedir eleição seria legitimar o golpe. Alguém com meio neurônio acreditava que Dilma voltaria? Que teria condições políticas de governar em meio aos destroços no emprego? Os que no fundo criaram a versão à esquerda do "quanto pior, melhor" esqueceram que quem pagará o preço do governo Temer sem legitimidade é o pobre que receberá o chicote do ajuste.
Não há possibilidade alguma de alguém administrar uma crise econômica como essa sem chancela de voto. Não existe mágica. Qualquer saída imporá sacrifícios mais duros ainda. Se hoje o preço é espetado só no lombo de quem precisa de Estado, cabe à esquerda, em embate eleitoral, mostrar que existem saídas que taxam os mais ricos e não aumentam a desigualdade social.

Ah, mas com essa histeria de hoje um falso messias como Moro ganharia a eleição? Que numa campanha eleitoral ele, ou outro paladino da moral ignorante, explique o que vai fazer com a Previdência, por exemplo.

Ah, mas a esquerda está destroçada e perderia uma eleição. Fo.....É do jogo, que os golpistas não respeitaram, aliás. Mas não dá e nem se deve é trocar o povo. Cabe aos setores democráticos lutar por eleições gerais e justas, com regras que permitam e garantam candidaturas de quem se julga apto a pedir voto. Ficar nessa discussão masturbatória de velha esquerda x nova esquerda enquanto se fritam direitos de pobres é só apenas ridículo.

Uma ala da direita começa a perceber que sem urna não tem jeito. Temer é útil para o serviço sujo, mas tem a consistência de uma paçoca. Falta a esquerda, em seus vários tons, reconhecer que a crise é imensa e que ela tem responsabilidade pela sua criação, por mais que tenha sido vítima de um estupro constitucional. Mais do que isso, passou meses da hora de parar com mimimi. Quem está pagando, e pagará muito mais ainda, o preço da crise são os trabalhadores e seus empregos. Que tal ter a coragem de confrontar numa disputa em urna os projetos sobre quem vai pagar a conta? Eleições gerais ontem.

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