Elika Takimoto
Yuki acaba de me perguntar:
- Mãe, o que mata é quando o coração para ou o cérebro?
- O coração. - respondi prontamente sem pensar porque hoje é sexta e estava fazendo algo de suma importância para que tudo dê certo.
- E o cérebro? Se ele parar o que acontece?
- Acontece que você passa a ser só um corpo mas que não pensa, não reage. Vegeta só. - falei olhando para umas vinte e cinco opções de cores na minha frente.
- Mas isso não é o mesmo que morte?
- Não. - disse enquanto pintava minhas unhas de vermelho.
- Tipo assim?
E dito isso ele caiu deitado na minha cama de olhos abertos.
- Sim. Tipo isso. - respondi a ele enquanto esticava o braço e conferia se a cor estava bonita e o meu trabalho bem feito.
...
...
Olhei de lado para ele.
- Yuki? - chamei meu filhinho.
Nada.
- Yuki?!?
Gritei jogando o esmalte aberto longe.
Ele nem se mexia.
- YUKI SEU DESGRAÇADO FILHO DE UMA MÃE PARA DE FAZER ISSO COMIGO!
Nada.
- MORTE CEREBRAL É TIPO ISSO SIM CACETA MAS PARA COM ESSA MERDA TÁ MALUCO?
Balancei ele borrando todo meu esmalte.
Ele nem tchum.
Daí, no desespero, me veio no ímpeto uma ideia genial para ressuscitar meu filho:
- Cara, tu vai me matar do coração! Quer ver?
E caí.
...
Silêncio.
Mais silêncio.
- Mãe?
Eu quieta.
- Mãe?! Para com isso está me assustando.
Eu de manequim challenge...
Jurava para mim mesma que esse fedelhinho vai ter que comer muito feijão para lidar comigo.
- MÃE! NÃO FAZ ISSO COMIGO! - gritou ele com voz de desesperado.
Parece que temos uma vencedora, não é mesmo, mores?
Quando abri os olhos, ele estava me olhando com sorriso de orelha à orelha.
- Entendi, mãe. Mas você é muito ruim atuando.
Assim foi parte da minha manhã aqui. Vivendo uma mistura Shakespeare e Jogos Mortais com fundo musical da abertura de supernanny.
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