
Wilson Gomes
Não é à toa que bugou justo o ministro da Transparência. "Ministro de quê?" perguntarão intrigados os que não sabem que o afastamento de Dilma pôs um fim à idade das trevas e inaugurou um mundo incorruptível, diáfano, translúcido e transparente (que significam a mesma coisa, mas o Interino curte uma prosa arcaica).Então, temos um Ministério da Transparência. Dirigido por um ministro que faz coisas para as quais preferia o segredo, a obscuridade, os véus. O ministro da Transparência provou-se um craque do submundo sombrio das articulações e conchavos. Lindo de ver.
Contradição? Não sei. Ainda acho que um Ministério da Transparência só pode existir como citação orwelliana. No mundo de 1984, de fato, tinha esses ministérios-valores. O Ministério do Amor, que se ocupava da tortura, o Ministério da Verdade, cuja missão era destruir documentos históricos, e o Ministério da Paz, encarregado da guerra. Orwell não ousou um Ministério da Transparência. Temer, sim. Afinal, o seu governo lava mais branco, e os seus ministros são imaculados. Como o estão provando os áudios de Sérgio Machado.
Um governo de Transparência com ministros opacos. Vai vendo, que está divertido.
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