Balança pende muito mais em favor da venda fracionada de medicamentos
Deu no Painel S.A. que as farmácias se mobilizam para frear mais uma tentativa de trazer ao mercado brasileiro a venda fracionada de medicamentos. Pelo menos desde o primeiro governo Lula, legisladores e reguladores buscam, sem sucesso, impor ao setor a obrigatoriedade de vender remédios na quantidade exata pedida pelo consumidor ou receitada pelo médico. Hoje, é a própria indústria quem embala as drogas, e as vende em caixas com quantidades pré-determinadas de doses.
São vários os argumentos pró-fracionamento. Para começar, ele favorece o bolso do cidadão, que só compraria aquilo de que realmente necessita. A mudança tenderia a diminuir os estoques de drogas que as pessoas mantêm em suas casas, reduzindo os riscos de automedicação indevida, intoxicações involuntárias, em especial de crianças e pets, e de descarte inadequado.
As farmácias são radicalmente contra a medida. Elas teriam de investir em salas propícias à manipulação e em treinamento de pessoal, tudo isso para vender um volume menor que o atual. Mas o fato de seus argumentos serem interessados não implica que sejam todos furados. A venda fracionada provavelmente diminuiria a rastreabilidade dos lotes e facilitaria a burla no controle de psicotrópicos.
Acrescente-se a isso o fato de que, como os métodos industriais são mais precisos que os manuais, passaríamos a conviver com problemas que hoje desconhecemos, notadamente erros humanos na dispensação.
Apesar disso, creio que a balança pende muito mais em favor do fracionamento, que é a regra nos países mais desenvolvidos. Aliás, o Brasil está ficando tão para trás em tantos indicadores que cada vez mais me convenço de que o melhor caminho para nós é eliminar as jabuticabas e imitar o que é padrão na média das nações que nos superam em grau de civilização. Não acertaríamos sempre, mas erraríamos menos do que estamos errando.
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