Acabo de ler o admirável livro do pesquisador e escritor cajazeirense Deusdedit Leitão, intitulado “Ruas de Cajazeiras”. Foi publicado em 2005, mas só agora tive o prazer de conhecê-lo. Um deleite. Como historiador e amante inveterado da cidade de Cajazeiras, o professor Deusdedit teve o afinco de pesquisar tudo sobre a constituição das ruas da cidade de Cajazeiras. E foi a fundo, como bom historiador que é. Esquematizou o livro da seguinte forma: expôs a origem histórica das ruas e traçou um pequeno perfil dos nomes dos homenageados desses logradouros, com data de nascimento e falecimento, formação profissional, origem familiar e outras curiosidades.
A apresentação do livro é do cajazeirense Paulo Cartaxo Andrilola, que revelou que Dr. Abidiel de Sousa Rolim, grande amigo de Deusdedit, enviou material contendo decretos oficiais e homologação da nomenclatura de cerca de 513 ruas de Cajazeiras, mas foram descritas 66 ruas.
São 64 páginas, um livro fininho, porém de uma densidade histórica ímpar. O escritor cajazeirense João Rolim da Cunha colaborou no planejamento da obra, a professora Mirian Cavalcante fez a revisão, o Christiano Moura criou a capa sob foto de Cavalcante Júnior, a Gráfica Ideal imprimiu e a Prefeitura Municipal de Cajazeiras deu apoio.
A história de Cajazeiras perpassa por todas essas ruas e suas personagens agraciadas com seus nomes. Deusdedit traçou sucintamente um painel da história de Cajazeiras sem o ranço da história oficial, sem o travamento desprazeroso da leitura da história de Cajazeiras. É um livro que a Secretaria de Educação de Cajazeiras poderia indicar para sua rede pública de ensino sem medo de cair no didatismo forçoso para os alunos. Se é que isso já não aconteceu. Conhecer sua história é se precaver da ignorância cultural.
Citemos algumas revelações interessantes do livro:
A Usina Santa Cecília foi instalada em Cajazeiras em 1929, para beneficiamento de algodão e industrialização dos seus subprodutos e eram exportados diretamente para Hamburgo (Alemanha), Liverpool (Inglaterra), Havre (França) e Copenhague (capital da Dinamarca).
Cardeal Arcoverde (Praça). Criou a sede da Diocese de Cajazeiras em 1914. Foi o primeiro Cardeal da América Latina. Formou-se na Universidade de Sorbone-Paris.
Rua - Ernesto Rolim. Criou um aparelho para medir água, quando, em Cajazeiras, ninguém tinha conhecimento do hidrômetro.
Rua - Patrício de Barros. Foi um técnico em contabilidade e a primeira pessoa em Cajazeiras a ganhar um dos grandes prêmios da Loteria Federal.
Rua - Epifânio Sobreira. Juntamente com o sírio-libanês João Bichara, construiu um prédio na Praça João Pessoa, destinado à instalação do Cinema Moderno, transformado, depois, no primeiro cinema falado de Cajazeiras.
Rua - Francisco Bezerra. Nascido em 1842, foi comerciante e político. Por disposição testamentária, deixou libertos todos os seus escravos. Entre seus bens avaliados, em inventário, contava trinta e duas propriedades agrícolas, dez fazendas de criação e, oitenta prédios, no perímetro urbano da cidade.
Alto do Cabelão era o nome da avenida que mudou para Alto do Belo Horizonte. Alto do Cabelão se originou do primeiro e estranho habitante daquele local, com a sua exótica cabeleira.
Citei apenas algumas curiosidades reveladas pelo livro, mas há passagens históricas, perfis curiosos de políticos, religiosos e comerciantes. Nem todos nasceram em Cajazeiras, mas suas passagens de vida foram marcantes a ponto de se tornarem nomes de rua.
Eduardo Pereira
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Sou uma cajazeirada profundamente apaixonada por Cajazeiras. Estou longe da terrinha desde 1970, por isso gostaria de adquirir o livro RUAS DE CAJAZEIRAS de Deusdedit Leitão. Como é que eu faço?
ResponderExcluirAbraços
Lana.
Olá, gostei muito desse blog.
ResponderExcluirTraz a público um pouco da história de cajazeiras.
Além de referências históricas.
Sou bisneta de Patrício de Barros, já tentei adquirir este livro Ruas de Cajazeiras mas não consegui...
Gostaria de saber se tem mais alguma coisa além dessa passagem que você citou sobre Patrício de Barros nesta postagem.