Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

essa é muito boa : O argumento do time amarelo-pato

DA GRANA DE GEDDEL AO VOTO EM BOLSONARO

Em toda parte para que olho hoje, em ambientes digitais, vejo fotos das pilhas de dinheiro mofado de Geddel. Em seguida, vêm as reações políticas. Uns se recordam que Geddel era inimigo jurado de Dilma e da turma de golpistas* que planejou e cometeu o impeachment paraguaio da presidente eleita, para benefício da sua facção. Outros fazem questão de lembrar que Geddel foi ministro de Lula e teve cargo no governo Dilma, que, portanto, esteve consorciado com os governos do PT por muito tempo. Outros ainda notam apenas que aquele dinheiro foi roubado do país e fazem uma relação direta entre a crise econômica que lhes rouba emprego, renda e paz e as malas de dinheiro que a classe política deve acumular por aí em apartamentos vazios.
Agora, respondam-me vocês, dos três argumentos acima, qual deles tem maior chance de prosperar na esfera pública e materializar-se em votos na próxima eleição? O argumento do time vermelho encontra eco apenas nos seus convertidos, que esfregam a mão de contentamento com a morte política de um dos grandes da facção dos golpistas*. O argumento do time amarelo-pato serve basicamente para se defender da acusação de que serviu apenas como escada para que uma organização criminosa assumisse a presidência. Para eles, são todos corruptos e isso vem de longe. Ontem, um amigo firmou a posição de que Geddel fazia parte do governo do PT, portanto, que o novo escândalo de Geddel também devia ser posto na conta geral da "roubalheira do PT". Distinções, para quê?
Resta o argumento dos que estabelecem um nexo causal direto entre dinheiro roubado e o "por isso que o país está nesta merda". Lembrem-se de que a presidente não caiu apenas porque Cunha e Temer eram raposas, mas porque milhões de pessoas que o governo Lula havia retirado da pobreza foram devolvidos à precariedade econômica no governo de Dilma Rousseff - e estavam furiosas. Essas pessoas, que não viram a sua vida melhorar na administração de Temer, continuam com raiva e mantêm-se focadas na identificação de um culpado político pela queda de renda, desemprego, inflação, instabilidade. Assim, ideologicamente, a atribuição de culpa vai e volta do "governo do PT" a "os políticos" a depender do noticiário político, da frente fria ou da performance do Corinthians. É tudo farinha do mesmo saco. Diferenciar, que sentido isso teria?
Como vocês acham essas pessoas para quem todos os seus males e aflições são culpa do PT ou do governo ou dos políticos ou de tudo o que está aí reagirão eleitoralmente às fotos de 50 milhões de reais que foram roubados do Estado? O DataWill, meu Instituto de Adivinhação Eleitoral e Previsão de Desastres, calcula que a cada foto da grana de Geddel publicada em ambientes digitais mil votos novos se encaminham para Bolsonaro - que nada tem a ver com a narrativa e, por isso mesmo, é o único que ganha com a luta pela atribuição de paternidade de Geddel entre o time vermelho e o time amarelo. A massa furiosa, ameaçada pelo desemprego e que viu sua renda despencar nos últimos dois anos, ignora as distinções que o time vermelho e o time amarelo considera imensas e inconciliáveis: Geddel e Mantega, Janot e Gilmar, Temer e Lula, vistos à luz da crise econômica, da fúria, da necessidade de atribuição imediata de culpa, da desinformação e da polarização política extrema em que nos enfiamos parecem exatamente a mesma coisa.
Bolsonaro, não, Bolsonaro é diferente. Bolsonaro é o chicote que a massa furibunda e confusa quer ver estalar no lombo "dos políticos". Não é uma escolha para melhorar, é para punir.
(*) "Golpistas", explico, não por conta de golpe de Estado, que há controvérsia e este respeito, mas no sentido de enganadores, fraudulentos, trambiqueiros mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário