Elika Takimoto
Como posso cultivar um ídolo como Cazuza? Vou te explicar, senhora psicóloga. (Acabo de ler de uma psicóloga - notícia não atual mas que voltou a ser compartilhada - que não podemos cultivar um ídolo como Cazuza). Primeiramente Fora Temer porque a notícia veio de coxa.
Segundo, cultivar um ídolo não é o mesmo que querer ser igual a ele e sim amar aquilo que ele produziu na vida artística e se emocionar constantemente com a sua obra.
Cazuza espalhou beleza pelo mundo e se a senhora não tem sensibilidade para detectar o belo, poupe-me de seu discurso permeado de julgamentos. Falar que ele não é exemplo para ninguém é controverso, senhora.
O mundo seria melhor se tivéssemos mais "marginais" como o Cazuza ou mais psicólogas como a senhora que aponta como única diferença entre o artista em tela e Fernandinho Beira-Mar o fato de um ter nascido na Zona Sul e o outro não?
Ou melhor, seríamos mais belos com menos poesias porque quem as produziu viveu uma vida desregrada à margem da sociedade?
Ou a senhora vai me dizer que Cazuza, Renato Russo, Elvis, Elis e tantos outros seriam os mesmos se os pais tivessem lhe obrigado a seguir rigorosamente as regras de conduta impostas por essa comunidade que enche os filhos de ritalina porque eles não gostam de estudar matemática e aprender é preciso (e cantar, escrever,compor...não)?
Quantos, senhora psicóloga, a senhora conhece que vivem em padrão-FIFA durante 80 anos e que morrem sem ao menos ter plantado uma flor? Como medir se a vida do outro valeu ou não a pena, senhora psicóloga?
Para finalizar, senhora psicóloga, a prova mais difícil de amor não é dizer NÃO e sim aceitar o filho como ele é. Ainda que reconheça a importância do limite, temos muito que agradecer aos pais desses artistas que os deixaram voar e tornaram o mundo um lugar mais agradável para todos nós, meros mortais, viver.
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