Almanaqueiras: ou não queiras.

Almanaqueiras: ou não queiras.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A COLUNA de Nonato Guedes

Cartaxo “implode” aliança com ricardistas


Por Nonato Guedes



O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT) “implodiu” uma aliança com o PSB nas eleições de 2014 quando estarão em jogo o governo do Estado, uma vaga ao Senado, a vaga de vice e candidaturas proporcionais à Câmara e Assembleia Legislativa. O recente encontro “institucional” do prefeito com o governador, na residência oficial deste, a Granja Santana, gerou a expectativa de que poderia vir a ter desdobramentos numa composição política-eleitoral no próximo ano. Mas o gestor da capital tem sido enfático ao descartar essa possibilidade. Pelo que deu a entender, o PT ainda mantém a perspectiva de composição com partidos que lhe são próximos, a exemplo do PP e do PSC, o primeiro tendo como expoente o ministro Aguinaldo Ribeiro, o segundo tendo como líder o ex-senador Marcondes Gadelha.

“Foi uma ducha fria no agrupamento oficial”, confessou um interlocutor de Ricardo, admitindo que havia otimismo quanto a uma reaproximação. PT e PSB já foram aliados na Paraíba, mas o PT também esteve alinhado com o PMDB em disputas majoritárias importantes, quando o próprio Luciano figurou como vice de José Maranhão em 2006 e Rodrigo Soares como vice em 2010. Aconselhado ou não por filiados petistas ilustres, Cartaxo fixou o limite da relação deflagrada com o governo estadual: situa-se no campo meramente administrativo, com ênfase nas parcerias indispensáveis, sobretudo em políticas de mobilidade urbana. A versão de que Cartaxo e Coutinho, na recente audiência na Granja, teriam tratado de aliança política, foi descartada “in limine” por cabeças coroadas do PT paraibano, com a garantia de que essa posição é do conhecimento da direção nacional da legenda.

A grande incógnita reside em torno da candidatura que pode unificar PT, PP e PSC na eleição de 2014, ao governo do Estado. O prefeito Luciano Cartaxo tem deixado claro que não vai interromper o mandato para se aventurar à corrida pelo Palácio da Redenção. Entende que tem projetos a desenvolver e avalia que a sua administração apresentará resultados positivos mais cedo do que apostam adversários eventuais. Quanto a uma possível eleição do deputado federal Luiz Couto para presidente estadual do PT, o que poderia conduzir a agremiação a discutir uma aliança com o PSB, não é considerada como “prego batido, ponta virada”. Fontes com acesso a Luciano advertem que o Processo de Eleições Diretas está apenas começando internamente, e que há outros nomes competitivos na eventualidade de disputa.


- A verdade é que não há confiança entre petistas e socialistas – afirma um interlocutor qualificado do Partido dos Trabalhadores, comparando que a eleição de 2012, em que Luciano disputou e venceu a prefeitura, foi um divisor de águas, tanto na relação com o PMDB como com o PT. No PMDB, o cacique-mor José Maranhão, derrotado no primeiro turno, optou por declarar neutralidade no embate entre Cartaxo e Cícero Lucena. Alguns parlamentares, como Manoel Júnior, hoje no comando municipal do PMDB em João Pessoa, manifestaram preferência por Cartaxo, mas não houve uma oficialização de apoio, o que teria desobrigado o PT de quaisquer compromissos prévios para a disputa do próximo ano.


Por vias oblíquas, a dificuldade de aliança política entre PT e PSB deixa o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), aparentemente, cada vez mais refém do esquema do governador Ricardo Coutinho. Essa possibilidade não é bem vista por cassistas, que sonhavam com a emergência de um novo quadro na conjuntura política e eleitoral da Paraíba, flexibilizando os passos e a margem de barganha que o senador poderia ter na relação com o governador. Independente de um distanciamento do PT, o governador Ricardo Coutinho considera-se, particularmente, bem estruturado para a campanha à reeleição, segundo confidenciam deputados da sua base. O argumento é o de que Ricardo vem estreitando relações com agrupamentos diferenciados e investindo maciçamente em programas de impacto social, na base de parcerias, inclusive, com prefeitos que são filiados ao PMDB. “Pode haver uma colheita surpreendente em 2014, como retribuição à atenção que o governador tem dispensado aos municípios”, especula um auxiliar da confiança do chefe do Executivo. Alguns deputados preferem dizer que o cenário para o próximo ano está “em aberto” devido aos reflexos que a conjuntura nacional pode vir a ter no Estado. Mas mesmo esses parlamentares não apostam fichas num palanque compartilhado por Cartaxo e Coutinho em 2014.
 
 

Nonato Guedes

  • é jornalista. Colunista político, atuou nos principais jornais da Paraíba e no Estado de São Paulo. Foi superintendente de A União. Lançou em 2012 o livro "A Fala do Poder", com discursos de governadores eleitos da Paraíba. É diretor de Redação do REPORTERPB. E-mail para contato: nonaguedes@uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário