AURORA AO AMANHECER
Jose Pereira de Souza Filho
Pela primeira vez que fui a Aurora, no Ceará, foi em 1982. Nasci em Cajazeiras na Paraíba, sou casado com uma aurorense, Iracema Moreira. Seus parentes residem no Distrito de Santa Vitória, e seu irmão Vandir Moreira, no centro de Aurora. A partir daí, todos os anos quando entro de férias do meu serviço sempre vou visitar amigos que fiz nesta pequena cidade do Ceará. Às cinco horas da madrugada as rádios Sol Nascente FM e a Comunitária FM de Aurora começam o dia já acordando os moradores da cidade, dos sítios e distritos, com seus programas, a exemplo do “Bom Dia Cidade”, com Pedro Guedes, na Rádio Sol Nascente. Nesta cidade tem várias ruas estreitas, fazendo com que o trânsito seja efetuado em mão única, principalmente na Rua Coronel Xavier, local onde os caminhões pau-de-arara e ainda as caminhon etes D20, que são os meios de transporte das pessoas que moram nos sítios e distritos (Santa Vitória, Tipi, Malhada Funda) estacionam em frente às cerealistas, bodegas, mercadinhos e bares. Tem ainda alguns moradores dos sítios que usam a motocicleta para irem para Aurora. Esses caminhões pau-de-arara e caminhonetes saem de suas localidades antes do sol abrir, por volta das cinco horas da madrugada. Durante a viagem entre Santa Vitória a Aurora, esses veículos rodam em baixa velocidade, devido os buracos nas estradas de chão batido, algumas subidas, a exemplo da maior ladeira do trajeto, é a ladeira da Idalina, na Jitirana. O pau de arara segue fazendo paradas em frente aos sítios para o embarque dos sitiantes, e que seus passageiros cheguem em Aurora antes do comércio e o Banco do Brasil abrirem suas portas. Assim que chegam, eles se dirigem até pequenos comércios (lanchonetes) para merendar café, pão, bolo, tapioca, cuscuz, entre outras guloseimas. Após merendarem, muitos se dirigem para a porta do único banco da cidade, o Banco do Brasil, formam filas, sendo que os aposentados são os primeiros a serem atendidos pelos funcionários, principalmente nos primeiros dias de pagamentos. Em algumas ruas do centro da cidade chegam os feirantes armando suas barracas de vestuários e muitos outros produtos para a venda, devido o grande movimento do Banco do Brasil. O horário de volta para suas casas se dá por volta do meio dia, após terem resolvido seus problemas de banco, compras no comércio, visitas a parentes, amigos e hospital. Antes da saída dos caminhões e caminhonetes, alguns rapazes ou senhores vão até o bar do Otávio ou outro qualquer, para beber uma cervejinha gelada, tomar uma cachacinha acompanhado de um pé de frango, um bodinho com cuscuz, entre outros tira gosto. Os caminhões e caminhonetes já carregados de mercadorias que as pessoas compraram no comércio, como saco s de cereais, botijões de gás, caixas de mantimentos, entre outros produtos. Ao meio dia, os passageiros sobem na boléia e na carroceria do caminhão pau-de-arara e minutos depois o motorista Antônio de seu Antoniel, ao ligar o pau de arara, eu e mais o restante dos passageiros procuramos subir na carroceria do caminhão. O caminhão sai rumo a Santa Vitória, mas pára em frente ao único posto de gasolina - antes da saída da cidade - de propriedade de Didi, para abastecer. Após colocar gasolina no pau de arara, ele segue pelo asfalto e após rodar uns três kms, entra na estrada de chão batido onde tem uma placa com as inscrições, pregada no poste de madeira, com os itinerários Santa Vitória e Jitirana. Como meio de transportes de estudantes que moram nos sítios e estudam em Aurora, o caminhão pau-de-arara ainda é uma alternativa para essa finalidade.
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