Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Na época da minha infância e juventude, na Cajazeiras da década de 60....

CAJAZEIRAS - MEMÓRIA VIII

Jose Pereira de Souza Filho







TÔ INTRIGADO

Na época da minha infância e juventude, na Cajazeiras da década de 60, inventávamos brincadeiras e uma delas era ‘ser intrigante’. Dois amigos começam com uma discussão e um deles fala: “tô intrigado de você”. Daí, ficam muitos dias ou meses sem se conversarem, porque se intrigaram. Já aconteceu comigo e meu amigo/vizinho Milton Cartaxo (MITIM) de ficarmos intrigados. Se eu passasse em cima da calçada da casa dele e ele percebesse, ele me falava: “descarado”. Para não passar na calçada dele, mesmo se ele estivesse percebendo, eu pulava sem triscar o pé na sua calçada e aí ele não tinha o direito de me chamar de “descarado”. Ao ficarmos meses sem nos falar, certo dia resolvi falar com ele. Voltamos a se falar, quando eu soube que a mãe dele, dona Mocinha, estava internada e eu agi daquele jeito. Não deixe isso acontecer com você, é uma sensação muito ruim de culpa e você não precisa sentir isso.

PROVA ORAL

“Prova oral” de antigamente. Esse tipo de prova era muito comum em salas de aula, fazendo com que o jovem vencesse as dificuldades do imprevisto contra a timidez e demonstrar facetas da aprendizagem, que a prova escrita jamais revelará. Faz-me lembrar que eu estudava muito para decorar a prova, inclusive eu dormia pensando nas respostas que seriam dadas perante meus colegas de sala. Pra isso, eu procurava evitar conversar com as pessoas, para que não esquecesse o que decorei. Tinha aluno que na hora em que a professora anunciava o seu nome, para iniciar a prova oral, levantava e se tremia, gaguejava, falava bem baixinho e não via a hora de acabar com aquilo. Hoje não existe mais esse método. Não sei se isso foi progresso.


SONS DE CAJAZEIRAS



Em épocas passadas, durante as carreatas de campanhas políticas pelas ruas e nas praças João Pessoa e Camilo de Holanda, o som dos alto falantes nos carros era grande. Havia o alto-falante do Parque de Diversões Maia e do Circo Garcia, para quem ingressava nesses locais. Havia ainda a música suave tocada pela Orquestra Manaíra, sob a batuta do maestro seu Esmerindo Cabrinha, para quem participava do baile no Cajazeiras Tênis Clube, em noite de gala. Era possível ouvir o canto dos passarinhos nas galhas dos pés das oiticicas da Praça das Oiticicas, próxima ao Colégio Nossa Senhora de Lourdes. O barulho das águas na sangria do Açude Grande de Cajazeiras. Lembro-me do som pipocado que saia dos escapamentos dos Jeeps na época do Carnaval. Lembro-me também do pipocar da “salva de tiros” às seis horas da manhã de 7 de setembro, anunciando o início das comemorações da Pátria. Como era gostoso ouvir o rufar dos taróis das bandas de música do Tiro de Guerra (TG 07/243) e dos colégios: Estadual, Diocesano Padre Rolim, Nossa Senhora de Lourdes e do Comercial, nos desfiles de 7 de Setembro e/ou no Dia da Cidade. Eu já participei do grito de gol junto aos quase cinco mil torcedores presentes no Estádio Higino Pires Ferreira, na hora em que Perpétuo (PETO) jogando pela Seleção de Cajazeiras fazia o gol contra a Seleção de Sousa.


Também, era gostoso ouvir o som musical de Roberto Carlos, no programa “Discoteca do Ouvinte” com Valmir Lima, no horário da manhã, pela Difusora Rádio Cajazeiras. Lembro-me que na Rádio Alto Piranhas tinha o “Programa Só Sucessos”, na parte da manhã, que era transmitido direto das ruas de Cajazeiras, na voz de Assis Diniz, onde se tocava músicas de diversos estilos,. Inclusive, eu fui um dos entrevistados desse programa, transmitido da minha rua (Rua Pedro Américo). Que eu saiba, esse programa foi o primeiro no estilo de transmissão do rádio em Cajazeiras.



OS PADRES DE COSTAS



Lembro-me que antigamente os padres rezavam as missas, de costas para os fiéis, faziam o sermão no púlpito, falavam em Latim e as mulheres comungavam de véu branco na cabeça. O bispo de Cajazeiras Dom Zacarias Rolim de Moura, celebrava o sermão em uma longa duração de tempo, na Santa Missa das sete horas da noite aos domingos, na Catedral. Os homens eram proibidos entrar na Igreja para assistir a Santa Missa, de bermudão e sandálias havaianas, ao contrário dos dias de hoje. Também me lembro que eu me confessava uma vez por mês, me ajoelhava ao lado do confessionário. Nas laterais do confessionário se formavam duas filas, uma pela esquerda e outra pela direita, assim, o padre Sitônio chamava um fiel da esquerda e depois outro da direita. “Quando é necessário caminhar para perto de um confessionário, é considerado educado cobrir com a mão uma orelha, para mostrar respeito pela Santidade do confessionário” diziam. Antigamente, a hóstia sagrada era ofertada pelos padres na hora da Comunhão e era colocada na boca do fiel. Hoje, o padre tem a ajuda do Acólito, que é membro da Igreja Católica, instituído para auxiliar na distribuição da hóstia sagrada na Comunhão, entregando a mesma na mão do fiel.



PEREIRA FILHO

Radialista

Rádio Nacional de Brasília

jfilho@ebc.com.br

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