Seu José Alves é uma pessoa muita querida em Cajazeiras. Não tem quem não o conheça. Seu José Alves prestou muitos serviços a cidade de Cajazeiras como oficial de justiça, e é principalmente conhecido como o homem que mais prestou serviços à igreja católica de Cajazeiras. Sim, isso mesmo, seus préstimos à igreja da Matriz são inesquecíveis.
Praticamente em todas as missas realizadas naquele santuário (décadas de 60/70/80), Seu José Alves estava presente: auxiliando os padres nos rituais das missas; na colheita das ofertas com sacolas ou bandejas; na condução do crucifixo dando rumo a procissões pelas ruas de Cajazeiras; na oferenda do Corpo de Cristo; no zelo pelo silêncio das missas quando crianças choramingavam; auxiliando os padres nas crismas...
Mas tem um serviço que o senhor José Alves prestava, na igreja, que é digno de destaque. É exatamente este último que citei: as crismas. Chegavam familiares de tudo quanto é lugar das cercanias de Cajazeiras para fazer batizados e, de repente, se olhavam pros lados, com cara de indagação, e viam que não trouxeram o padrinho para a criança que iria para a pia batismal. E agora? Daria tempo pra procurar um parente, um amigo? Se fosse esperar por isso, a igreja não realizaria batismo nenhum, só na espera do padrinho do pagãozinho.
Os pais olhavam novamente em derredor e, como numa espécie de intimação, de forma silenciosa, pois o ambiente da igreja não permitia gritos de eureka!, apontavam com os olhos de pidão: “é ele!”. “Ele” quem? O padre? Não, claro que não. Só podia ser Seu José Alves. Então tá. Seu José Alves, com o espírito cristão de presteza, pureza, muita solidariedade, era o novo padrinho do infante.
Acabou um batismo, e mais outro vinha. Cadê o padrinho da criança? Ahn? Quem? “Ih! Esquecemos, Seu Padre!”. Olha-se prum lado, olha-se pro outro. O bebê choramingando como se estivesse prevendo que iriam banhar sua cabeça na pia batismal, apressando todos presentes com seu choro angelical, praticamente dava a dica: “É ele, meu padrinho é ele, seus esquecidos!” E mais uma vez Seu José Alves ganhava um afilhado. Eu disse “mais um?”. Seria “mais um” se Seu José Alves tivesse sido padrinho de dez crianças. Vá lá... 20 crianças... Haja presente pra tanta gente e gravar o nome de todos eles.
Traz a calculadora aí, minha gente, pois Seu Zé Alves é digno do Guinness Book. Seu José Alves teve quase mil afilhados! Você, caro leitor, está duvidando? Então se debruce nos livros de registros de batismos da Matriz que você verá um a um. Tá lá, tudo registrado, pra ninguém dizer que isso é estória de pescador.
Seu José Alves também foi o Presidente do Círculo Operário de Cajazeiras, que fica ali na Rua Pedro Américo, rua onde eu morava, e, por isso mesmo, criança e adolescente, fui beneficiado presenciando as festas que Seu José Alves promovia nos dias primeiro de maio, dia das mães, dia dos pais, ou outras datas memorativas. Via eu aquele batalhão de bons velhinhos filiados ao Círculo Operário se deliciando com aquelas festas, se rejuvenescendo em discursos, recitando poesias, debatendo e procurando saídas para suas causas, e Seu José Alves sempre dando apoio e articulando em prol da categoria.
Falei no primeiro parágrafo que todo mundo em Cajazeiras conhecia Seu José Alves. Minto. Não, ninguém conhece Seu José Alves. Ou, se conhecer, por esse nome, são pouquíssimos. O nome de Seu José Alves é, o verdadeiro nome, batizado por Cajazeiras inteira, simplesmente: ZÉ SACRISTÃO!
Hoje, dia sete de agosto, ele completa 89 anos. Parabéns, Seu Zé Sacristão. Que Deus lhe abençoe e a sua família. Receba os parabéns de todos os cajazeirenses e cajazeirados daqui de Brasília. Vida longa pro senhor, que o senhor merece, e muito!
Eduardo Pereira.
E-mail: dudaleu1@gmail.com
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