Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 5 de abril de 2011

OFICINA DE ARTES INDUSTRIAIS DE CAJAZEIRAS

Escola de Artes Industriais de Cajazeiras


Escola da Artes Industriais de Cajazeiras


Instalada em 1963, em Cajazeiras, a Oficina de Artes Industriais, que funcionava próximo ao Grupo Escolar Dom Moisés Coelho, mais precisamente próxima a ladeira do Cemitério Coração de Maria, era uma instituição de ensino frequentada por alunos da rede municipal do ensino primário. Nessa época eu estudava no Grupo Dom Moisés Coelho.

Essa oficina funcionava de manhã e à tarde. Eu e meu irmão Toinho éramos alunos na parte da manhã. Lá era desenvolvido um projeto de ensino básico para crianças, onde se ensinava a trabalhar com diversos materiais. Lembro-me que, entre tantas professoras, a minha era a dona Adelina.

Na Oficina de Artes Industriais foram instaladas máquinas, bancadas, ferramentas e outros utensílios, que de um modo geral representavam a indústria e todo equipamento era usado pelos jovens. Assim, a oficina era toda diversificada de ferramentas destinadas aos trabalhos de madeira, arame, latas vazias de óleo, tapeçaria, solda, pregos, tinta, etc.

Como todo garoto tem paixão por carros de brinquedo, eu tinha o prazer de fazer esses carros, que eram empregados: tábua, lata de óleo, prego, arame, lixa, tinta e aspas para fazer feixe de mola – aspas eram fitas de aço em que as geladeiras vinham amarradas dentro de caixas de compensado. Lembro-me muito bem que eu fazia vários modelos de carros, a exemplo do fusca; do Jeep (com duas ou de quatro portas, que era apelidado de Bernardão); da camionete Chevrolet; da Rural; do Gordine; da Aero Willys; do Caminhão; da Kombi; do ônibus, entre outros.

Além de carros diversos, eu tive a oportunidade de aprender a confeccionar outros tipos de brinquedos. Usando a lata, o arame, a solda e a tinta, eu fazia pessoas representando músicos com seus instrumentos, como o trombone, o sax-fone, o pífano, o zabumba, o tarol, a tuba, entre outros. No geral, eu soldava um a um, formando assim uma banda de música, orquestra, etc. Após fazer todo o trabalho desses componentes, eu pintava nas cores da Orquestra Manaíra, entre outros.

Todo o trabalho desenvolvido no decorrer dos anos, pelos alunos, eram vendidos em exposição que era montada na oficina, sempre no mês de dezembro. Com a venda dos brinquedos a oficina comprava materiais para no ano seguinte começar tudo de novo. A exposição era aberta ao público com ampla divulgação da diretoria, fazendo com que um grande número de pessoas comparecesse para prestigiá-la. A frequência do aluno na oficina fazia parte do currículo escolar, era a matéria “Artes Industriais”.

Na Oficina de Artes Industriais, como eu tinha disponível todas as ferramentas para a confecção de carrinhos, na minha casa eu fazia esses brinquedos usando materiais que eu procurava no lixo da serralheria de seu Zé Rolim, onde eu pegava tábuas e pregos; já no lixo do Armazém Paraíba eu encontrava as aspas; na Farmácia do Povo de seu Donato Braga, eu pegava as tampas de frasco de penicilina, que eram usadas como as rodas dos carrinhos. Da palmatória lá de casa, eu fiz quatro rodas de madeira, para meu jeep. Na confecção de carrinhos eu usava a tesoura da minha mãe e facas de mesa.

 
Em casa, eu também fazia patinetes, que já era mais trabalhoso. Para confeccionar o patinete, eu pegava no lixo da oficina Chevrolet, o miolo do guidão, as rolimãs e os pinos. Já na serralheria de seu Zé Rolim eu pegava a tábua para o guidão e o chassi. Esses carrinhos que eu fazia em casa geralmente eles eram vendidos para meus amigos da Rua Pedro Américo.

Pereira Filho (Mininim)

PEREIRA FILHO

Radialiasta

Brasília - DF

jfilho@ebc.com,br

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