Ano que vem as artes marciais têm motivo para comemorar 35 anos do Karate Shotokan em Cajazeiras. Nomes como Joaquim, Jocélio Amaro, Erivelto, Dr. Sérgio, João Eudes, dentre muitos pioneiros, em torno da ASKACA fizeram história e iniciaram a saga do Karate paraibano em solo cajazeirense. Ao longo desse tempo, foram muitas conquistas, respeito e a admiração dos paraibanos pelos que fizeram a grandeza dessa arte marcial milenar na terra do Açude Grande.
Alguns atletas ou simples admiradores ficaram pelo caminho, outros, migraram para plagas distantes. No entanto, a semente brotou novamente e das cinzas soprou uma fagulha que fez ressurgir o brilho e a esperança de novos rumos para o Karate paraibano. Hoje temos a Associação Bushinkan de Karate, que entra para o terceiro ano de atividades, funcionando provisoriamente no Cajazeiras Tênis Clube, e o Torayama Karate Clube, recém fundado e estabelecido no Calçadão Tenente Sabino, 63, na sobreloja da Livraria Lesco-Lesco.
Estamos vivenciando uma expansão nunca vista do Karate. A filosofia marcial, elemento que caracteriza a disciplina e a rigidez da sua prática aliaram-se componentes que fascinam crianças e adultos em torno dos aspectos saudáveis e lúdicos que passou a ter. Diferente do que a maioria das pessoas imagina, o Karate não se alia à violência, ao contrário, promove o autocentramento do indivíduo, desenvolvendo habilidades físico-motoras e psicomorais. A atitude de autodefesa, primordial ao seu praticante, faz com que o karateca contenha a agressividade, respeite o próximo e se esforce para vencer os obstáculos, cultuando a razão e o caráter. Cinco são, pois, os princípios do Karate que fazem uma diferença substancial no comportamento do jovem e na formação da criança. Aliás, temos a sorte de ter em sua grande maioria de praticantes um maior número de crianças. Adotado em muitos estados como suporte educacional na escola contra a violência e como aditivo na formação cidadã, o Karate tem produzido efeitos positivos na redução da violência na escola e na comunidade onde ela está inserida, além, é evidente, de formar campeões no esporte e na vida.
Resistindo de forma precária e sem a devida atenção das autoridades, com raras exceções, quando à véspera de evento se consegue algum apoio do governo municipal, Cajazeiras tem um débito moral para com o Karate da cidade. Ações isoladas como o Projeto Mãos à Arte, elaborado e coordenado por mim, incluiu o Karate e transformou a vida de diversas crianças que o praticam na Escola Creche das Dorotéias, no bairro dos Remédios. Embora agradeçamos o apoio da Prefeitura cremos que as medidas para que o Projeto deslanche só dependem única e exclusivamente do Governo Municipal, sendo a cidade a maior beneficiária dos resultados a serem obtidos.
Louvamos a iniciativa da Prefeitura Municipal de Uiraúna, que vem bancando de forma honrosa e com resultados extraordinários o Karate daquele município. O investimento feito lá é incomparavelmente superior aos de outros municípios, devendo servir de exemplo para os que fazem a diferença na vida pública. Lá, se apresenta a proposta de evento e o orçamento à prefeitura e se recebem os recursos para a realização dos eventos. Aqui, se anuncia uma esperança com a criação do Fundo Municipal do Esporte. Talvez agora se possa aposentar o pires e, através de projetos, possibilitar a realização de eventos esportivos nas mais diversas modalidades. São mais de 100 praticantes em ação só no estilo Shotokan, afora outras modalidades de artes marciais.
Para comemorar os 35 anos do Karate de Cajazeiras gostaríamos de contar com o apoio da sociedade cajazeirense, gostaríamos de esconder o pires e a vergonha de receber um NÃO de empresários que estão pouco se lixando para a arte, o esporte e a cultura local. Gostaríamos de vestir a camisa e erguer a bandeira do município de Cajazeiras, na hora de receber uma medalha de mérito esportivo.
Mesmo com todas essas adversidades faremos em janeiro, de 21 a 23, um Curso com um dos expoentes do Karate brasileiro, o Kyoshi Fernando Rocha. O mestre virá de Sergipe especialmente para atender o convite da Associação Bushinkan de Karate e do Torayama Karate Clube para abrilhantar a comemoração desta data tão importante e que é de todos nós.
Convoco a sociedade cajazeirense a olhar com carinho para o trabalho que estamos realizando com jovens carentes e não carentes que têm modificado para melhor o seu modo de vida, a sua relação com os pais, com a escola e com a cidade. Ajudem-nos a abandonar o pires e ao invés de pedir apoio (que para muitos são esmolas) pedirmos uma salva de palmas para os karatecas de Cajazeiras. Se quiserem conhecer e ajudar visitem o Cajazeiras Tênis Clube, a Creche das Dorotéias ou a sobreloja da Livraria Lesco-Lesco. Nós fazemos Karate e o Karate faz bem ao corpo, à mente e ao espírito.
Gildemar Pontes - gilpoeta@yahoo.it
Escritor, Professor de Literatura da UFCG, Coordenador do Projeto Mãos à Arte. Editor da Revista Acauã, Diretor Administrativo da Associação Bushinkan de Karatê – ABK. Presidente da Associação dos Artistas de Cajazeiras – AARC@. Tem 16 livros publicados, já foi traduzido para o Espanhol e publicado em Cuba.
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