Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BAIRRO NAZARÉ LOPES


Bairro dos Municípios. Esse é um bairro de Cajazeiras que fica ali na região do antigo Alto Cabelão. É uma região que cresceu muito nos últimos anos. É ali, naquele rumo, que se busca o conhecimento acadêmico e científico de Cajazeiras e região, pois naquela direção está o campus da Universidade Federal em Cajazeiras. É um bairro onde se encontra belas casas como casas belas simples.
O nome ‘Bairro dos Municípios’ até que não é um nome desapropriado, como, na minha humilde opinião, é o Leblon para aquela área de lazer no Açude Grande. Deixem o Rio de Janeiro com seus belos lugares e suas tradições para o mundo inteiro. Voltemos nossos olhos para nossa tradição, nossos valores, nossa gente.
Dito isso quero parabenizar o autor do projeto que estabeleceu para o ‘Bairro dos Municípios’ o nome de uma professora de renome no cenário educacional de Cajazeiras. Uma professora que educou com seu jeito calmo, educada, segura em seu saber, de didática cativante, várias gerações de cajazeirenses. Seguramente posso afirmar que todo mundo em Cajazeiras conhece essa mulher, essa guerreira. Seu nome é: Maria Nazareth Lopes Ferreira. Nada mais consciente do que essa idéia de um historiador-vereador: Chagas Amaro.  Chagas Amaro, um vereador que cumpriu seu papel reconhecendo o anseio da comunidade.
Bairro Nazareth Lopes Ferreira. Cumpre-se com justiça o nome de um logradouro. Uma referência, tanto de endereço como de vida. Nazareth Lopes foi funcionária do Hospital Regional de Cajazeiras exercendo a função de secretária e tesoureira; diretora da Escola Reunida Dom Moiséis Coelho; professora da FAFIC –Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Cajazeiras; professora do Colégio Estadual de Cajazeiras; professora do Colégio Nossa Senhora de Lourdes; professora municipal rural, onde tudo começou. Esse currículo demonstra a dimensão da mestra, mãe, avó e profissional da sala de aula.
Tenho uma bela lembrança de dona Nazaré, pois as portas de sua casa, da Praça do Espinho, estavam sempre abertas para toda gurizada daquela região. Parecia ser uma extensão do Grupo Dom Moisés, uma extensão dos bancos da praça, uma concentração espontânea de lazer da gurizada que ali brincava de time de botão. Ela ensinou seus filhos a serem coletivos na arte da amizade. Não me lembro de ter visto dona Nazaré dando bronca em nenhum daqueles moleques da Praça do Espinho, e olhem que nós não éramos tão santos assim. Sua candura era o suficiente para nos dar uma lição de boa educação.
Lembro-me quando eu era aluno de dona Nazaré no Colégio Estadual e ela indicou para minha turma a leitura do livro Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Estava eu começando a fazer as primeiras leituras de livros. Isso lá pelo início dos anos 70. A princípio poderia se pensar que essa não seria uma leitura para principiante. Hoje em dia diriam que o velho Machado não seria o ideal para fomentar a leitura na juventude. Pois bem, eu devorei Esaú e Jacó e o encantamento por Machado de Assis foi de imediato. Seu estilo de escrita me prendeu. Depois vim a ler Helena, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, O Alienista, e mais tarde um pouco adquiri a obra completa do primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Pode ser que algum colega meu de então não tenha gostado da leitura de Machado, mas que a professora Nazareth Lopes indicou o caminho das pedras, ah, isso ela indicou. Quem não enxergou essa orientação é porque não percebeu a força física transformadora dos livros, não quis absorver o ensinamento de que quanto mais lemos mais nos transformamos no que lemos.
Bairro Nazareth Lopes. Não é um bairro. É uma cidade, é um universo. O universo de uma professora dentro do mundo de cada um ex aluno seu.

Eduardo Pereira 
E-mail: dudaleu1@gmail.com

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