Almanaqueiras: ou não queiras.

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domingo, 28 de novembro de 2010

DIO, COME TI AMO!


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O que marcou o filme DIO COME TI AMO nas pessoas? O que esse filme tinha de tão especial para fazer com que as pessoas, na década de sessenta, se interessassem ao ponto de derramar lágrimas em abundância? O que marcou foi um roteiro simples: uma menina pobre que se apaixona e tem um romance lúdico e platônico por um galã italiano rico e muito gentil. Ele era o noivo rico de sua melhor amiga. E também o clima romântico da época, a pureza 
embutida nos costumes de uma juventude rebelde mas lúdica.

Em Cajazeiras, como, provavelmente, em todo o Brasil, as pessoas corriam para ver o filme como se fosse o melhor filme de todos os tempos. As mulheres eram vales de lágrimas, e, também, muitos marmanjos derramaram lágrimas.

Confesso: não sei quantas vezes vi o filme, no Cine Pax, em sessão da tarde. Isso mesmo, o Cine Pax tinha sessões da tarde em Cajazeiras! Já meu amigo Lavoizier tem até hoje a sua contagem. Viu o filme quatorze vezes. Minha irmã Nevinha e sua amiga Eladir, filha do maestro Esmerindo Cabrinha, sem medo de errar, praticamente elas viram todas as sessões, como todas as moças de Cajazeiras. As meninas de Cajazeiras só queriam ser a Gigliola Cinquentti, atriz principal, com aquele rosto lindo, angelical. E você, caro leitor, tem vergonha de falar quantas vezes viu esse filme? E você, caro leitor do sexo masculino, tem vergonha de falar que chorou, que se derramou em lágrimas, mesmo virando o rosto para seus amigos não verem as lágrimas jorrarem de seu olhos?
As canções do filme também contribuíram para arrebatar os corações dos cine maníacos. A música homônima do filme, Dio Come Ti Amo, venceu o festival de músicas de San Remo, em 1966, com interpretação da própria Gigliola Cinquentti. Quando a música começava a tocar nas Rádios Cajazeiras e Alto Piranhas, mandava-se logo aumentar o som e ficávamos como que embalados no colo de Gigliola e as cenas do filme passando em nossa cabeça. Para aumentar mais ainda a paixão pela música carro-chefe do filme, foi a importância do festival San Remo, em que Roberto Carlos, o rei aqui no Brasil, foi o único estrangeiro a vencer tal festival. A outra música que também tocava direto nas rádios era “Non ho l’etá”.

Acostumados às ruas de Cajazeiras, deparamos com as cenas do filme dando um passeio pelas belas paisagens de Nápoles. E o filme era preto e branco!

Quem não se lembra, diga-me, caro leitor, quem não se lembra principalmente do final apoteótico, quando o amado de Gigliola (Mark Damon), já dentro do avião, prestes a decolar, ouve, pelo alto-falante, Gigliola no aeroporto cantar. Nessa hora o público vinha a delírio, as meninas urravam com as mãos em punho junto à boca. Os casais de namorados aproveitavam pra dar um garra mais apertado pelo clima do filme. O sarro tava liberado porque todo mundo tava ligadão na tela.

Dizem que, o que mais chamava a atenção do filme, quando se trata das lágrimas, o que mais causava impacto no telespectador, não era a lágrima que escorria pela face, mas ver os olhos gradativamente lacrimejarem-se, até transbordarem.   

Por se tratar de um filme melodramático, melodrama bem com água-com-açúcar (como se dizia antigamente) e se constituiu um fenômeno de bilheteira, a crítica, na época, abominou, mas o público adorou. E Cajazeiras não ia negar fogo.

Eduardo Pereira
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Em tempo – AC2B promoverá exibição do filme cajazeirense,O SONHO DE INACIM, em 11/12/10 em Brasília. Presenças de Eliézer, diretor do filme; Prof. Zé Antonio Albuquerque, diretor do Gazeta do Alto Piranhas, e do diretor paraibano  Vladimir Carvalho (O País de São Saruê, O Homem
de Areia...)   Veja texto com mais detalhes publicado neste blog em 12/11/10.









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