Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

VAMOS OBEDECER A FAIXA DE PEDESTRE!



Em minha passagem por Cajazeiras no mês passado constatei mais uma vez, como tantas outras, que o trânsito da cidade sempre piora. A venda de automóveis cada vez bate mais recordes. A cidade vai inchando de carros e as ruas permanecem as mesmas.
Já li artigos e crônicas no jornal Gazeta do Alto Piranhas analisando essa questão, que é, praticamente, um problemão de todas as cidades brasileiras. Os veículos tomam os espaços públicos em detrimento dos pedestres. Inda mais quando temos ruas estreitas, tortas, afuniladas e curtas.
Brasília, onde moro, não é exceção. Pelo contrário, o inchaço é irritante, mesmo sendo o oposto das ruas de Cajazeiras: largas, retas, paralelas e longas. Porém tem uma coisa muito importante no trânsito brasiliense. É o respeito às faixas de pedestres. Claro que isso foi à custa de muito investimento em propaganda, persistência na conscientização de que entre o objeto de milhares de toneladas e o leve ser humano deveria haver o respeito por esse último.
Aqui em Brasília o custo da briga levou até gente a morrer na faixa de pedestre porque exagerou na confiança, no principio das campanhas. O ser humano é uma espécie que não se deve pôr a mão no fogo cegamente. Para isso foram criadas regras de que é preciso estender uma mão sinalizando de que quer ter preferência na faixa para atravessá-la.   
Hoje em dia, em Brasília, é um gesto natural se colocar o pé na faixa e os carros pararem para o pedestre atravessar a faixa. Não esquecer de que tem que se dar o sinal de que irá atravessar a faixa, é primordial. Mesmo assim, vez ou outra ainda aparece alguma besta quadrada para desrespeitar a convenção. Mas, no geral, há respeito à faixa de pedestre.
Faço um corte aqui e retomo o assunto para Cajazeiras. Fui ao Banco do Brasil retirar grana e vou atravessar a faixa de pedestre que fica lá em frente. Procurei a faixa até de forma automática, como faço aqui em Brasília, e sempre prestando atenção se os carros vão parar mesmo. Estendi a mão e, qual surpresa minha, os carros pararam. Tive essa grata satisfação com esse gesto singelo e civilizado. Fiquei muito contente. Saio do Banco e procuro a faixa novamente, querendo certificar-me de que não estava sabendo dessa novidade cajazeirense. Mas fui desobedecido pela metade do gesto dos motoristas. Um passou direto e outro parou. Mas não me senti frustrado por isso, porque senti que há esperança de que, se forçarmos a barra, ou melhor dizendo, forçamos a barra não, pois o termo “forçar a barra” dá impressão de má educação para se conseguir seu oposto. Se insistirmos, acredito que dá para educarmos as pessoas no trânsito de  Cajazeiras. Sim, isso mesmo, educar as pessoas no trânsito de Cajazeiras. Já estou até pensando alguém falando: “ih, lá vem esse cara! Não sabe ele que essa gente não tem respeito nem consigo, quanto mais com os outros!”. 
Enquanto não se conseguir o objetivo é natural que se pense dessa forma. Se o Prefeito quiser, se os secretários quiserem, se os estudantes quiserem – fazendo as escolas fortes campanhas educativas -, se o homem comum da rua quiser – tendo campanhas publicitárias nas ruas, com outdoors, como se faz publicidade para o carnaval e o Xamegão - se conseguirá. É preciso o poder público acreditar que o público acreditará nessa empreitada. É tão importante investir em campanhas educativas de trânsito quanto se investe na de vacinação de cães, quanto se dá divulgação das bandas que tocarão no carnaval anunciadas em ato solene pelo Prefeito. Diminuir o número de acidentes de motos na cidade é tão importante quanto o prefeito anunciar a inauguração do asfalto de ruas, e, mais importante, é econômico, pois haverá economia de gastos públicos com despesas hospitalares.
Será que não dá para espantar que hoje no Brasil morre por ano 40 mil pessoas no trânsito? O assunto no bar, além do efervescente Fla x Flu, também poderá ser o respeito à faixa de pedestre em todas as ruas da cidade, e não apenas as do centro. Sei que isso não se institucionaliza por decreto, mas quando a questão virar moda, aí sim, o papo rolará naturalmente.  O adesivo no pára-choque traseiro de um carro com os dizeres “eu respeito a faixa” e o gesto simples de estender a mão numa faixa de pedestre para atravessá-la, poderá fazer a diferença no orgulho de toda população. Receber o epíteto de “gente educada” na cidade que ensinou a Paraíba a ler, será uma redundância prazerosa.

Eduardo Pereira
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