Ser cajazeirense é ser uma pessoa que ama muita a cidade de Cajazeiras. Qual é a novidade dessa frase? Nenhuma. Qual é o efeito frasal dela? Nenhum. É uma afirmação simples, natural, diria até, banal. Banal se não soubéssemos que existem cajazeirenses que parecem que amam nossa cidade mais do que outros. Parece, não. Atrevo-me a dizer que essas pessoas realmente amam Cajazeiras mais do que os outros cajazeirenses. Para não cair no exagero vou diminuir o efeito dessa paixão para não criar suscetibilidades.
Ubiritan Assis, presidente da AC2B, ilustra bem esse aspecto ao contar uma história. Ele, certa vez, estava lá pelas bandas do norte do país, Estado do Acre, a serviço, num evento público com muita gente, e, a certa altura, disse que era cajazeirense. Logo após o evento um senhor o procurou para dizer que também era cajazeirense, amava muito a cidade de Cajazeiras. Papearam bastante e, o homem, não satisfeito, para dirimir qualquer dúvida de sua origem, mesmo que Ubiratan não tivesse duvidado em momento algum, retirou do bolso sua identidade e mostrou para Bira, e lá estava registrado sua cidade natal, Cajazeiras.
Ubiratan também gosta de afirmar que cajazeirense que é cajazeirense, da gema, é aquele que, quando indagado de sua origem, antes de dizer que é paraibano, diz que é cajazeirense, estufando os peitos. ‘Estufando os peitos’ foi por minha conta.
O cara que, em minha opinião, ama Cajazeiras mais do que todo mundo, chama-se Carlos Doido. Nunca vi um sujeito para visitar tanto Cajazeiras do que ele. Umas quatro ou cinco vezes por ano ele está lá. Big Boy afirma que nosso querido Carlos Doido não confia no Correio e ele próprio faz questão de levar suas cartas pra cidade do Padre Rolim.
Antes de existir essa onda de orkut, blog e demais ferramentas de se mostrar a cara de todo mundo para todo mundo, Carlos Doido foi na minha casa, juntamente com Lavoizier, seu irmão Lamark e mais Josival Pereira, nosso Querobinha, um dos maiores jornalistas paraibanos, e tomamos todas as cervas lembrando das histórias e estórias de nosso torrão natal e mais outras conversas de coçar a orelha de muita gente de lá. Então mostrei meu acervo de fotos antigas de Cajazeiras, que ora estou mostrando aqui nesse blog, para eles, e, Carlos Doido, que todos sabemos é uma manteiga na arte de chorar quando falamos de Cajazeiras e amigos de lá, nesse dia, ao ver uma foto antiguíssima da Praça Camilo de Holanda, seu reduto, chorou copiosamente, a tal ponto que vi a hora dele passar mal de tanta lágrima derramada. Pensei até que ele estivesse passando por algum problema pessoal ou familiar e estava arrasado. Lavoisier, seu amigo-irmão, tranqüilizou-me, explicando que ele chorava assim mesmo, inda mais ao ver uma foto daquela, tão histórica.
Mininim, para os familiares, Pereira Filho para os colegas de trabalho, e Pereira ou Ari para os demais, meu irmão, aí pelo o início da década de setenta, quando a revista Veja estava dando seus primeiros passos no mercado editorial brasileiro, e já com muito sucesso, apesar do período barra pesada da ditadura militar, falou para meus irmão que iria escrever uma carta para aquele semanário, não para reclamar de alguma matéria que lhe causasse discordância, ou para elogiá-la sobre algo, mas porque viu na seção de cartas de leitores uma vitrine para mostrar ao Brasil, já que Veja tinha penetração nacional, a existência da cidade de Cajazeiras com galhardia. Mininim não queria fazer observação nenhuma sobre os temas políticos quentes da época, não queria refletir sobre nada da rica cultura musical, literária... brasileira da época. E que diabo ele queria escrever para Veja? Ele queria escrever simplesmente assim: “Sr. editor, Veja continua cada ver melhor”. Só isso. O que tem demais isso? A resposta é que, na cabeça de Mininim, o acréscimo da mensagem à revista famosa é que daria repercussão para Cajazeiras. O complemento da singeleza elogiosa era o seguinte. “ Assinado: Ariosvaldo Pereira. Cajazeiras-PB”. Esse “Cajazeiras-PB” é que daria repercussão para ele, em Cajazeiras, e Cajazeiras para o Brasil. Na cabeça de Mininim!
Eduardo Pereira
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