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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Educação emperrada

Escolas são a nossa principal esperança para construir um país mais próspero

Helio Schwartsman 


São bem desanimadores os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2017, que combina o desempenho de alunos em provas de português e matemática com dados sobre aprovação e evasão na rede.

A situação até que não é tão ruim em relação aos anos iniciais da educação básica. Nesse recorte, o índice médio da rede oficial no Brasil foi de 5,5 pontos, 0,3 ponto acima da meta. À medida, porém, que se avança para etapas superiores, os números vão piorando bastante.

Nas séries finais do ensino básico, o índice obtido foi de 4,4 (para uma meta de 4,7). E, no ensino médio, vem o desastre: o índice foi de 3,5, quando a meta era 4,4. E vale observar que nossas metas são bem modestas na comparação com o índice alcançado pelos países da OCDE, que é de 6.

Educação tem valor intrínseco. Oferecer uma escola decente para todos é provavelmente a missão mais nobre do poder público. Mas, no atual estágio de desenvolvimento do Brasil, a educação é também nossa principal, se não a única, esperança de construir um país mais próspero.

Com o fim do bônus demográfico, a rota que sobra para o enriquecimento é o aumento da produtividade, que, em teoria, tem forte correlação com a educação. No Brasil, contudo, o efeito da escola sobre a produção tem sido ridiculamente baixo.

Um estudo de 2016 do economista Ricardo Paes de Barros revelou que, no Brasil, entre 1980 e 2010, cada ano a mais de estudo resultou num aumento de produtividade equivalente a US$ 200 por trabalhador, o que é irrisório na comparação com outros países. No Chile, o impacto de cada ano extra de escola foi de US$ 3.000, na China, de US$ 3.500 e, na Coreia do Sul, de US$ 6.800.

Sem aumento da população economicamente ativa e sem uma educação que possibilite ganhos de produtividade, não sobra nenhum caminho claro para o crescimento. Vamos assim nos condenando a não ser muito mais do que um país de renda média.

Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…". 

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