Alerta de desastre
A partir desta semana, o Rio dispõe de um serviço especial de alerta da Defesa Civil. É um programa coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações, e consiste no envio de mensagens via celular alertando a população para a possibilidade de desastres naturais. Por estes, eles entendem deslizamentos de terra, enxurradas e alagamentos provocados por chuva forte.
Ora, para prevenir chuva forte, não precisamos de tanto aparato. Basta chegar à janela ou à rua e olhar em volta. Ondas no mar em forma de carneirinho são garantia de vento sudoeste, significando chuva que vem de São Paulo. Excesso de urubus ou gaivotas zanzando no céu, também chuva certa. Nuvens pelas alturas do Sumaré ou das ilhas Tijucas, idem. Em caso de dúvida, é só perguntar a um motorista de táxi –os taxistas cariocas são capazes de dar até o índice pluviométrico que vai cair.
Os desastres sobre os quais precisamos de alerta são outros. Os políticos, por exemplo. Desde 1970, o Rio teve a infelicidade de ser dominado por duas máquinas de poder, o chaguismo (de Chagas Freitas, 1914-1991) e o brizolismo (de Leonel Brizola, 1922-2004). Com ou sem os titulares, essas facções, fortemente enraizadas a bandidos de todo tipo, revezaram-se no comando da cidade e do Estado. Todos os governadores e prefeitos eleitos aqui nesse período saíram de uma ou de outra.
Mas ninguém nos alertou para a fusão entre elas sob Sérgio Cabral. Oriundo tanto do chaguismo quanto do brizolismo, ele formou com Executivo, Legislativo e Judiciário locais, dirigentes de estatais, burocratas de vários níveis e empresários de confiança um aglomerado maciço de corrupção, de modo a não vazar nada, nada, nada.
Esse desastre talvez até pudesse ser previsto. Mas não suas dimensões.
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