Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 18 de julho de 2017

"Eu não queria que Maria interpretasse a raiva e a humilhação. Queria que ela as sentisse".

"Eu não queria que Maria interpretasse a raiva e a humilhação. Queria que ela as sentisse". 

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Com estas palavras, o diretor italiano Bernardo Bertolucci justificou por que não contou os detalhes da cena de estupro de O Último Tango em Paris para a atriz Maria Schneider, então com 19 anos. O filme, de 1972, explorava a relação obsessiva entre Marlon Brando, e uma jovem 20 anos mais nova, vivida por Schneider, então uma desconhecida atriz francesa.

O roteiro incluía uma cena violenta simulando uma penetração anal, na qual Brando usou manteiga como lubrificante.

O uso da manteiga, segundo o diretor, foi "uma ideia que tive com Brando naquela manhã, antes de rodar a cena". E os dois resolveram não contar nada à atriz.

"Não contei (a Schneider) o que ia acontecer porque queria que a sua reação fosse a de uma garota, não a de uma atriz". "Após o filme nós não nos vimos mais, poque ela me odiava", disse o italiano em uma entrevista de 2013.

Em uma entrevista em 2007, a própria Schneider - que morreu de câncer em 2011, aos 58 anos e teve a vida marcada por internações em hospitais psiquiátricos, problemas com drogas e pelo menos uma tentativa de suicídio - disse que tinha se sentido "humilhada" e "um pouco violada" na cena com o uso não consentido da manteiga.

"Eu devia ter chamado o meu agente ou o meu advogado até o set, porque não se pode forçar alguém a fazer algo que não está no roteiro. Mas eu não sabia disso", disse a atriz na época.

O último tango em Paris", de 1972, ficou proibido pela censura da ditadura militar no Brasil por mais de uma década.

A cena de estupro rendeu um Oscar para Brando e outro para Bertolucci. Para Maria Schneider, somente a dor contínua de ser estuprada em frente as câmeras.

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