Almanaqueiras: ou não queiras.

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sábado, 17 de junho de 2017

tá russo.

Copa russa, jeitinho brasileiro 

Mariliz P Jorge 

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Imagine lá em 2014, durante os preparativos da Copa do Mundo, no Brasil, a reação dos gringos a cada notícia de que nossos estádios, aeroportos e obras de infraestrutura não estavam prontos.

Nós somos os gringos agora. Aguardando as notícias do outro lado do mundo. E elas não são muito animadoras. Falta um ano para a cerimônia de abertura da Copa da Rússia, que acontece no dia 14 de junho de 2018.

Soubemos esta semana que apenas 33% dos estádios estão prontos, uma situação ainda pior que a do Brasil, que a essa altura já tinha metade das 12 arenas prometidas.

Mas há uma série de outros pontos para que um evento desse seja um sucesso que não depende apenas de tempo e organização.

No mês passado, foi anunciado que os torcedores que comprarem ingressos tanto para a Copa do Mundo, em 2018, quanto para a Copa das Confederações, que acontece neste ano, vão precisar também de um cartão especial de identificação, emitido pela organização.

Essa medida pode ser vista como uma resposta ao documentário "Russia's Hooligan Army", exibido pela BBC, no qual hooligans russos prometem "um festival de violência" durante a Copa. Para tentar evitar a presença desse tipo de "torcedor", o comitê organizador resolveu "fichar" todo mundo. Mas, ainda que a paz seja garantida dentro dos estádios, é difícil imaginar que haverá controle nos arredores, em bares ou em qualquer lugar da cidade em que esses bandidos encontrem quem eles possam considerar adversários.

Outra notícia bastante perturbadora que chega por aqui são as denúncias de violação de direitos humanos. A revista "Josimar", publicação norueguesa especializada em futebol, denunciou a presença de escravos norte-coreanos na construção da Arena Zenit, em São Petersburgo. O governo russo nega, mas, segundo a revista, a Fifa, por meio de uma carta, confirmou que havia "fortes evidências de norte-coreanos trabalhando em condições muitas vezes espantosas".

Direitos humanos, sabemos, não são lá muito o forte da Rússia. Mulheres, gays e negros aparentemente são humanos de segunda categoria. Em fevereiro, o presidente Vladimir Putin sancionou lei que despenaliza a violência doméstica. Se o marido bater na mulher, mas não deixar hematomas, arranhões ou ferimentos, não é crime. Acredite.
Em 2013, o parlamento russo aprovou, sem nenhum voto contra, a lei que pune o que os parlamentares chamam de "propaganda gay", que na prática serve apenas para coibir manifestações pelos direitos dos homossexuais. Ela vale também para estrangeiros, que, além de multa, podem ser presos e expulsos do país. Bastante convidativo, não é mesmo?

Falei de racismo? O atacante brasileiro Hulk, que jogou na Rússia entre 2012 e 2016, contou que presenciava situações de preconceito em todos os jogos, em entrevista ao jornal "The Guardian". Era constantemente chamado de macaco e se diz vítima inclusive por parte da arbitragem. "Acontece sempre nos jogos entre clubes, mas o mundo não faz ideia. Durante a Copa, será muito feio", disse.

Sabemos que mesmo com um caminhão de problemas um evento pode dar certo, como foi a Copa no Brasil. O que significa que o mundial de 2018 pode também ser um sucesso, mesmo que a coisa fique russa. De jeitinho nós entendemos. 

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