Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

o prelúdio dos tempos mais sombrios da Humanidade pode estar sendo desenhado.

"O mundo prende a respiração, sem saber se o que acontece é a mais tosca bufonaria de um governo acuado, ou o prelúdio do apocalipse.


 Leonardo Valente





A notícia dos ataques estadunidenses à Síria faz qualquer um que acompanhe a situação mundial tremer nas bases. Em tese, diante das conjunturas geopolíticas, da atuação russa na região e da imprevisibilidade de Donald Trump, o evento imediatamente desponta como o mais grave desde a Crise dos Mísseis, em 1962, onde o risco de uma guerra nuclear foi real e extremo. Mas alguns fatos levam a crer que talvez possa não ser bem assim.

O primeiro é a presença do presidente chinês em território americano no momento do ataque. Diante disso, dificilmente a China não fora avisada previamente, improvável também que não tenha participado a portas fechadas de conversações sobre o tema. Os chineses não tem interesse na queda de Assad, e provocariam embaraços se os EUA anunciassem uma ofensiva desta natureza em meio a uma visita bilateral.

O segundo é o aviso feito a Moscou sobre o ataque, o que demonstra um nível de articulação incomum em casos como este. Que tipo de aviso foi dado? Certamente não foi apenas um alerta para deixarem a base que seria atacada. O silêncio russo até o momento também é um indicador a ser considerado. Trata-se de tema geopolítico crucial para a Rússia, que em outros momentos fez advertências sérias aos EUA sobre eventuais ataques na Síria. Vale lembrar que o pragmático Putin tem, ou pelo menos tinha, Trump como um possível aliado.

A delicada situação interna de Trump, com 30% de popularidade - misturada a um ataque químico na Síria com bastidores confusos e pouco explicados, seguida de uma resposta militar repentina - também aumentam as suspeitas de que tudo isso pode fazer parte de um teatro mórbido, com aval de atores de peso em Moscou e em Pequim. Ministros e embaixadores de Trump são menos sofisticados que os de Obama, e os discursos que fizeram desde quarta indicavam uma concertação simulada demais.

As próximas horas, contudo, serão decisivas. Se o ataque se limitar à base área de onde teriam feito os ataques químicos, certamente foi um arranjo, e dos mais toscos, para recuperar a imagem de Trump, com apoio de Putin.

Contudo, se os ataques continuarem, e ficar claro que a proposta é derrubar Assad, ai sim, o prelúdio dos tempos mais sombrios da Humanidade pode estar sendo desenhado. A Rússia não deixaria barato tamanha ousadia. Resta-nos torcer para a bufonaria."

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