Eu tenho duas amigas, ligadas ao poder judiciário, que justificaram seus votos no Aécio porque segundo elas era um grande risco ver a Dilma indicar mais um ministro para o STF. Minhas amigas de adolescência, progressistas, bacanas, bem informadas. Mineiras, sabiam muito bem qual é a do Aécio. Na época, por conhecê-las tão bem, fiquei bastante mal impressionado com a argumentação que desprezava, por exemplo, os avanços sociais conquistados recentemente e, a despeito das prisões de petistas por um ministro indicado por Lula, havia a certeza de que Dilma faria uma indicação pouco republicana enquanto Aécio, o inimputável, faria melhor pelo país.
Cada um vota em quem quiser, com a motivação que lhe parecer a melhor, não tem nada de ficar policiando o voto do outro. Mas lembrei delas agora que Alexandre de Moraes é o novo ministro, apoiado por Aécio e o resto da quadrilha.
Tenho acompanhado uma conta no Twitter criada apenas para divulgar a voz dos americanos que já se arrependeram do voto no Trump. Acho que já vi milhares de tuitadas de gente arrependida, que vem a público pedir desculpa, protestar, botar a cara, juntar-se à oposição.
Eu nunca vi um arrependido no Brasil. Nunca. Nem na rua, nem na rede social, no boteco, em lugar nenhum. Acho isso um curioso fenômeno. Tenho mais de 40 mil seguidores no Twitter, uns 20 mil aqui. Nenhum arrependido. Vai ver é a bolha, os algoritmos que não me deixam ver. Mas eu ando tão desanimado com o Brasil, que eu acho que não é isso não. Eu acho que a gente vem é descobrindo pouco a pouco que o pior do Brasil é o brasileiro mesmo. Todo mundo vendo o que tamo vendo, e todo mundo na moita, fingindo que não é com ele.
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