Almanaqueiras: ou não queiras.

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

É um lado contra o outro e tudo bem que os nossos são, efetivamente, uns filhos da puta, mas pelo menos são os nossos filhos da puta.

  Wilson Gomes

Se não erro as contas, há 276 dias a presidente eleita foi afastada do cargo "em nome da moralidade pública", disseram. Há 165 dias foi destituída para que se recompusessem padrões elevados de moralidade na condução da coisa pública. Eu mesmo sou daqueles que achavam que se tinha chegado longe demais na degradação dos padrões republicanos nos governos do PT, embora sempre tivesse clareza de que era o antipetismo, a revanche de classe e o apetite político dos eleitoralmente preteridos a agenda oculta por trás de toda essa conversinha de moralidade pública. Exatamente por isso, e por acreditar piamente na necessidade de defender as regras do jogo democrático, nunca comprei a tese de que o impeachment tivesse uma base moral e fosse um imperativo republicano.



Pois bem, nos 276 dias posteriores à Era Dilma Rousseff a moralidade pública brasileira só deteriorou, progressivamente, de forma assombrosa. Na última vez em que verifiquei, o indicador do nível atual do funcionamento das nossas instituições políticas, a começar pelo governo, era "bordel". O nível "desfaçatez" já tinha sido superado com o episódio da indicação de Alex de Moraes e de Todos os Homens do Presidente indicados para as funções de escrutínio do nosso futuro juiz da Suprema Corte. Todos os Homens do Presidente da Odebrecht, claro. O rating, portanto, é "bordel", mas com viés de queda para "esculhambação, putaria e descaração". Nem me perguntem se tem alguma categoria abaixo.

E, por favor, tampouco perguntem por que não dobram os sinos, não ecoam as caçarolas, as ruas não estão ocupadas, os 70% que queriam o impeachment de Dilma Rousseff não voltaram para exigir a destituição de Temer e chamar Moro para uma conversinha. Ou vocês acharam sinceramente que tudo aconteceu porque se queria consertar o Brasil e não por ser um time contra o outro? Aquela gente era antipetista e continua sendo, Temer é só o poste do antipetismo. Quem era antipetista continua sendo antipetista, não importa o que aconteça no mundo. Não é política, meus amigos de cabeça dura, é futebol. Podemos ter um presidente fantoche e um nível de moralidade pública de puteiro, mas que importa? É um lado contra o outro e tudo bem que os nossos são, efetivamente, uns filhos da puta, mas pelo menos são os nossos filhos da puta.

Compreenderam agora?

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