Tognolli, o biógrafo de Lobão, se orgulha do crime de divulgar a tomografia de Marisa Letícia.
Kiko Nogueira
Existe sensacionalismo e existe a podridão em que jornalistas como Claudio Tognolli chafurdam.
O biógrafo de Lobão achou por bem divulgar num vídeo que conseguiu a tomografia de Marisa Letícia, mulher de Lula internada no Sírio-Libanês, em estado grave, por causa de um AVC.
Como sempre em se tratando do personagem, ele anuncia esse tipo de ignomínia com orgulho. “A gente vive de falar a verdade”, começa ele.
“Estou tentando ser o mais sóbrio possível”, termina, enigmático. Como seria se não fosse? Xingaria Lula de anta e Marisa de ladra que merece o que lhe aconteceu? Não é necessário. Sua claque faz isso.
Supondo que a tomo é verdadeira, não há nada ali que não esteja nos boletins hospitalares. Mas a questão vai além disso.
Violou o artigo 5º da Constituição, parágrafo X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Se não roubou a imagem, colocou em maus lençóis quem lhe forneceu. O Código de Ética Médica dispõe em seu artigo 89 que “é vedado ao médico liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente”.
Pioneiro da pós-verdade, publica qualquer coisa, desde que do lado “certo”. Já falou que os EUA estavam investigando as urnas brasileiras, que Maduro apareceu em protestos no Brasil, que a CIA matou Eduardo Campos, que o PCC e o CV “usam gangues que prestam serviços à Al Qaeda” — vale tudo.
Com esse currículo, é professor da ECA-USP.
Para além da atitude criminosa, Tognolli dá comida a um público formado por gente especializada em vomitar ódio e ressentimento.
O país do golpe consolidou essa involução. Viramos o paraíso do fascismo vulgar. Somos capazes de tudo. Inclusive, e especialmente, tripudiar sobre a tomografia de uma pessoa que está em coma profundo.
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