Almanaqueiras: ou não queiras.

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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

como funciona o joguinho de cartas marcadas...

  
Pedro Abramovay


A gente fica falando de direito constitucional/ciência política... mas desconfio que para entender a decisão de afastamento do Renan (concordando-se ou não com ela) tem que ler mais Freud que Montesquieu. Uma pessoa que fala regularmente com ministros do STF me fez a seguinte análise que explica bastante da briga de egos por trás da decisão do Marco Aurélio: "Em dezembro de 2015, o Janot pediu o afastamento do Cunha. Teori tinha ali todos os elementos para fazê-lo. Alguns ministros do STF pressionaram ele naquele momento.

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Uns pra afastar e outros para não afastar. Ele decidiu dar tempo defesa ao Cunha. Esse tempo jogou a decisão para 2016. Nesse meio tempo, o foco mudou de Cunha para Dilma. Alguns ministros acharam absurdo que Teori não decidisse o caso. Outros, particularmente Gilmar, pressionaram para que Teori não interferisse no processo de impeachment. Teori confidenciou a amigos que não se sentia à vontade para interferir no processo e adiou a decisão. 

Em maio, já com Dilma afastada, Cunha parecia fundamental para Temer, mais uma vez Gilmar articula com Teori contra o afastamento. Mas... a REDE (com os ex-socios de Barroso - que, por isso, se declarou impedido na ação, o que reforçou para Gilmar a tese de que Barroso teria articulado essa estratégia) entrou com uma ADPF para pedir que réus não pudessem estar na linha sucessória, o que afastaria Cunha.

A ação cai com Marco Aurélio. Barroso e Fachin vão até o Teori e dizem: é melhor vc afastar logo pq o Marco Aurélio vai dar esse afastamento e você vai ficar como a pessoa que segurou esse processo.

Lewandowski, a pedido de Marco Aurelio pauta o processo. Teori, um tanto a contra-gosto decide sozinho, naquela manhã, afastar Cunha. O voto é unânime em função do peso da opinião publica. Mas Gilmar e Toffoli ficam bravos com a articulacao.

A retaliação vem no momento em que a ADPF sobre réus na linha sucessória finalmente é julgada. Após seis votos favoráveis (Gilmar nem estava nessa sessão) Toffoli pediu vista e segurou o processo. Irritou Marco Aurélio.

Ontem Marco Aurélio deu o troco. E virou o herói que queria ter sido com a decisão de Cunha. "

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