Almanaqueiras: ou não queiras.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

começa assim: o governo atual...

    
Renato Janine Ribeiro

O governo atual foi montado para que políticos do atraso servissem ao que os empresários chamam de modernização da economia. Daí que tenha ministros alvejados por investigações graves, que vão caindo um a um, e ao lado disso o que a imprensa chamou de “dream team” para tratar da economia. Maus políticos para salvar a economia, seria isso. Equaçao frágil, como disse FHC: apenas uma “pinguela” para o futuro imediato “é o que temos” para chegar até 2018.


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Acabou. O governo talvez se arraste, mas não sei até onde chega.

Dos políticos, nem se tem o que dizer. É provável que continuem caindo. 

E o “dream team”? Está conseguindo aprovar essa tragédia que é a PEC 55. Num País que ainda precisa completar a inclusão social, incluir na pré-escola 15% das crianças entre 4 e 5 anos, no ensino médio entre 15 e 20% dos jovens de 15 a 17 e melhorar a qualidade da educação, engessar o orçamento por 20 anos é piada de mau gosto.

E agora vem a reforma da Previdência, exigindo 49 anos de trabalho para uma aposentadoria integral que exceda um salário mínimo. Consagrando portanto a ideia de que aos 16 anos se comece a trabalhar, isso por meio século. E ameaçando os pensionistas com um calote se não passar isso.

Porque, claro, os mais ricos não querem pagar imposto, ao contrário do que acontece na Europa Ocidental. 

Se o eixo da reforma na economia é só o arrocho dos direitos previdenciários e trabalhistas, somando-se a políticos que ninguém admira e a uma polícia que vai bater cada vez mais em quem luta por direitos sociais, o que sustentará este governo?

Quando é que os apoiadores deste governo descobrirão que para retomar o crescimento não basta fazer contas? Não basta dizer que, tirando dez direitos, você terá dinheiro suficiente para o desenvolvimento. Porque tirar esses dez direitos vai levar a luta, a conflitos, que vao custar dinheiro. A burrice de quem não precifica o arrocho sempre me espanta.

Sem contar que, com essa reforma da Previdencia somada à crescente pejotização da força de trabalho, vai sumir a aposentadoria a longo prazo e, a curto prazo, as contribuições vao minguar. Li muita gente dizendo que, não sendo assalariado, não contribui ou não vai contribuir para a Previdencia e vai tentar economizar para garantir o final da vida. 

É uma questão de tempo. Pensaram alguns retomar a aliança de 1964 – empresários modernizantes, políticos do tempo do onça, militares reacionários e Tio Sam. Acontece que os quartéis não parecem estar a fim de dar um golpe, Tio Sam pôs as barbas de molho há muito tempo (a não ser que Trump decida mandar uma frota para cá...) e a própria imprensa, somada à Internet, vem revelando os podres do aliado instrumental, os políticos. 

Pode se arrastar até 2018, mas começo a duvidar.

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