Almanaqueiras: ou não queiras.

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domingo, 20 de novembro de 2016

"Pra começar. Cada coisa em seu lugar. E nada como um dia após o outro. Pra quê apressar? Se nem sabe onde chegar. Correr em vão se o caminho é longo."

Obra embargada que gerou saída de ministro tem unidade de até R$ 4,5 mi
Prédio de luxo tem vista privilegiada para o mar em área nobre de Salvador.
Iphan aponta que 30 andares geram impacto em bens tombados na região.

Do G1 BA



As obras do empreendimento de alto luxo La Vue, localizada na Ladeira da Barra, área nobre de Salvador, estão suspensas desde sexta-feira (18), após determinação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo informações da assessoria da empresa Porto Ladeira da Barra Empreendimentos, responsável pela construção, "as obras estão temporariamente suspensas até decisão judicial de retomada".

O impedimento da construção foi apontado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, como o principal motivo para sua saída da Esplanada dos Ministérios. Segundo ele, porque sofreu pressão do titular da Secretaria de Governo, o baiano Geddel Vieira Lima para que o empreendimento imobiliário fosse autorizado pelo Iphan.

Com vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos, o La Vue começou a ser construído em outubro de 2015, e desde então, já estava na mira do Instituto dos Arquitetos na Bahia, que tenta impedir a construção.

O edifício tem o metro quadrado em torno de R$ 10 mil. A construção abrange apartamentos, um por andar, com quatro suítes de 259m² e uma cobertura chamada "Top House" de 450 m². Os valores totais para venda variam de aproximadamente R$ 2,6 milhões a R$ 4,5 milhões.

O empreendimento oferece piscina com raia e deck molhado, espaço gourmet, fitness, spa, sauna massagem, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil.

Por meio de comunicado, a empresa construtora ressaltou que atende a determinação do Iphan em esfera nacional, embora possua Alvará de Licença para Construção e a Licença Ambiental expedidos pela Prefeitura de Salvador, assim como as autorizações para a construção emitidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN Bahia) e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Por meio de nota, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esclareceu que "após garantir o direito de ampla defesa e contraditório e com respaldo na legislação vigente e em suas normas técnicas", decidiu na quarta-feira (16) pelo embargo imediato da execução do empreendimento. O Iphan autorizou a construção de, no máximo, 13 andares.

De acordo com o Instituto, o prédio conta com 97,88 metros de altura e um total de 31 pavimentos, sendo 23 pavimentos de apartamentos, dois pavimentos para o apartamento de cobertura, dois pavimentos sociais, três pavimentos de garagem e um pavimento em subsolo.

O Iphan justificou a sua decisão apontando o impacto do La Vue nos bens tombados da vizinhança do imóvel: o forte e farol de Santo Antônio, o forte de Santa Maria, o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Outeiro de Santo Antônio (que inclui o forte de São Diogo), além da própria Igreja de Santo Antônio, na Ladeira da Barra.

O órgão informou que diante da decisão, cabe ao empreendedor, se desejar, apresentar nova proposta de edificação que respeite visibilidade e ambiência dos bens protegidos.

A construção do prédio residencial já tinha motivado uma ação civil pública que pedia a suspensão das obras. De autoria do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Departamento Bahia (IAB-BA), a ação apontou a falta de adequado estudo prévio de impacto de vizinhança para a obra, que tem vista para patrimônios tombados e com monumentos históricos.
Declarações


O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, reiterou neste sábado (19) que o principal motivo para sua saída da Esplanada dos Ministérios foi a pressão que sofreu do titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

Marcelo Calero, que falou a artistas em evento organizado pela Associação de Produtores de Teatro, em Botafogo, reafirmou que Lima o procurou mais de uma vez para que o empreendimento imobiliário fosse autorizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Calero pediu demissão do Ministério da Cultura na sexta-feira (18) e será substituído pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP).

Calero disse, ainda, que interesses pessoais não podem ultrapassar a questão de uma construção de um prédio em uma área histórica de Salvador. Ele considerou a postura de Geddel Vieira Lima como "descolada da realidade".

Em entrevista à Rede Bahia, Geddel Vieira Lima admitiu que é proprietário de um imóvel no empreendimento embargado pelo Iphan, negou que tenha pressionado o ex-colega de ministério a liberar a construção e disse "lamentar" e "repelir" as declarações de Calero.

Na visão do peemedebista, a conversa foi para reforçar a importância de uma obra que garante centenas de empregos.

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