Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Quero estar ao lado dos loucos, sonhadores e velhos cada vez mais radicais.

      
Rosana Pinheiro-Machado

Há muito tempo me questiono em que momento da vida as pessoas abandonam o sonho de mudar o mundo. Dizem que se a família não te alienou, a igreja não te alienou, o trabalho irá te alienar. Me parece que a virada conservadora se dá justamente na entrada para o mercado de trabalho - e o ethos assalariado se coloca. 

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De repente, todo aquele sonho é negociado por uma série de explicações que justifica o novo estilo de vida: o sonho de ter uma casa, uma família, um carro, férias (coisas boas, diga-se de passagem). Internamente, há uma batalha que precisa ser travada. Afinal, lá dentro se sabe que houve uma passagem do sonho coletivo para o privado. Isso não é feito sem certo sofrimento. Nessa batalha interna, alguns adotam discursos ferozes reacionários para justificar qualquer coisa como o "fim da esquerda", enquanto nada mais é do que a justificativa de um fim da esquerda muito individual. 

O capital é uma das coisas mais sedutoras que tem. E conforto todo mundo merece. Mas enquanto o conforto for uma exclusividade de poucos, eu espero seguir caminho oposto aos que "trocaram a mochila pela pasta de couro e hoje assistem a tudo em cima do muro". Quero estar ao lado dos loucos, sonhadores e velhos cada vez mais radicais.

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