Polícia Civil desarticula cartel das próteses no Distrito Federal
Operação da Polícia Civil e do MP investiga o pagamento de propina feito por empresas a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e de quadril em hospitais particulares. Em alguns casos, procedimentos eram feitos sem necessidade. Um servidor da Secretaria de Saúde está envolvido.
Carlos Carone - Metrópoles

A poeira da Operação Drácon, que investiga distritais em um suposto esquema de corrupção, ainda nem assentou e uma outra ação policial mira desvios de recursos da saúde. A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) deflagrou, nesta quinta-feira (1°/9), uma investida para desarticular um esquema criminoso envolvendo cartel formado por hospitais, médicos e empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).
Estima-se que cerca de 60 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa. O esquema movimenta milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Segundo a Polícia Civil, o grupo tentou matar um paciente que ameaçava denunciar a quadrilha, deixando um arame de 50 cm na jugular dele. Além disso, há casos de cirurgias sabotadas para que o paciente fique sendo operado e gerando lucro para o esquema, utilização de produtos vencidos e troca de próteses mais caras por outras baratas.
Nas primeiras horas da manhã, agentes foram às ruas para cumprir 21 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão (sete temporárias e cinco preventivas) e quatro conduções coercitivas (quando a pessoa é obrigada a depor) em várias regiões do DF, como as asas Sul e Norte e o Lago Sul. Um dos mandados tem como alvo o Hospital Home, na 613 Sul. Um coordenador da Secretaria de Saúde também é alvo da operação.
Autorizada pela 2ª Vara Criminal de Brasília, a operação é uma parceria com as promotorias de Defesa da Vida (Provida) e de Proteção ao Sistema de Saúde (Prosus) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Vinte e um promotores participam da ação.
Os alvos
Foram cumpridos mandados contra os médicos Marco de Agassiz Almeida Vasques, Henry Greidinger Campos, Rogério Gomes Damasceno (dono de uma clínica no Setor Hospitalar Sul e apontado como um dos líderes do grupo), Juliano Almeida e Silva Wenner Costa Catanhêde, Leandro Pretto Flores e Rondinelly Rosa Ribeiro.
Outros alvos da operação foram Cícero Henrique Dantas Neto, que segundo a polícia seria coordenador do Home Hospital, o médico Antônio Márcio Catingueiro Cruz e o empresário Micael Bezerra, da TM Medical, empresa que fornece equipamentos hospitalares e funciona no Cruzeiro. O sócio dele, médico-cirurgião John Wesley, também foi preso.
Cofres e dinheiro
Na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu cofres e dinheiro. Na residência de um médico foram localizados R$ 50 mil em espécie. Outros R$ 100 mil estavam no imóvel de outro alvo da operação. Além de reais, os agentes encontraram 90 mil em dólares e euros.
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