Constituição brasileira tem que ser respeitada, diz presidente francês François Hollande
O presidente da França, François Hollande, chega serelepe, e sozinho, à recepção para chefes de Estado que o presidente interino, Michel Temer, ofereceu na sexta (5) no Palácio do Itamaraty, no Rio. Ele é a estrela da festa.
Sobe e desce as escadas, abraça todos os que reconhece, pula de rodinha em rodinha distribuindo sorrisos. Entre um cumprimento e outro, ele fala com exclusividade à coluna.

Folha - O que está achando do Rio de Janeiro?
François Hollande - Eu gostaria de visitar muitos lugares na cidade, mas o tempo é curto. Eu fui à Vila Olímpica. Está fantástica, fiquei muito bem impressionado.
Como está vendo a crise política brasileira?
Eu sou amigo do Lula. A presidente Dilma me convidou há dois anos para vir a essa festa no Brasil. Muitas coisas aconteceram desde então e o país está tentando resolver os seus problemas. Nós estamos observando. O importante é que a Constituição seja respeitada.
O senhor teme um ataque terrorista no Brasil? Ou o país corre riscos menores?
Todo país do mundo pode sofrer um ataque terrorista. Mas nós sabemos que o Brasil se preparou muito bem, nos sentimos seguros aqui.
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Um interlocutor se aproxima e diz que a colunista trabalha no maior jornal do país. "São todos perigosos!", diz Hollande sobre os jornalistas. E caminha até a roda em que estão o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se aproxima. Todos passam a falar em inglês.
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Os garçons circulam oferecendo espumante nacional Adolfo Lona, batatinhas recheadas com bacalhau, torradas com surubim ao grana padano e saladinha de camarão sobre palmito servido na colher.
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Mas o sucesso é a cachaça com limão. "O mundo muda quando a gente toma uma caipirinha", diz John Kerry, que bebe várias (à noite, ele chega a passar mal na cerimônia de abertura).
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O príncipe Albert, de Mônaco, pede uma enquanto conversa com a Folha. "Eu vim ao Rio pela primeira vez antes de você nascer. Em 1982", diz à colunista, tentando ser gentil.
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Ele também se refere a Lula como "amigo" e diz que "nós não podemos julgar o que está acontecendo no Brasil. Mas nós entendemos que as pessoas estão muito decepcionadas. Há questionamentos, se a Olimpíada custa pouco ou muito. Pode ser [que custe muito]. Mas sem dúvida será um grande evento".
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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, se integra à conversa. "O país está de mau humor neste momento. Mas eu já estou sentindo isso mudar nas ruas." Paes deu "uma andada" na orla. "Eu fui um pouco com receio, né, de ouvir 'ô, seu f.d.p.'. Mas estava tranquilo, todo mundo feliz." (...)
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