Adalberto Moreira Cardoso

Posso estar delirando, mas peço aos e às amigos/as mais ponderados/as que leiam com atenção e me digam se estou errado.
Hoje acordei cansado e me deparei com a reação de Dilma ao "vazamento" do Watsapp de Temer. Confesso que estou com receio do que pode acontecer no domingo. Dilma chamou Temer de traidor. Queimou navios, não há mais acordo possível no cenário pós golpe. Ela usou a retórica da traição com tudo o que ela tem de trágico e ignominioso. Convocou os seus para a guerra.
Estive ontem em São Paulo. Passei pela Paulista no início da noite, antes do evento para o qual havia sido convidado. Desci do táxi diante da FIESP. O prédio imponente foi construído com recursos do sistema S e do imposto sindical, que é compulsório mas não é auditado pelo Estado. Você só ouve notícias contra o imposto sindical ligadas aos sindicatos de trabalhadores, ESSES CORRUPTOS. Bem, o prédio da FIESP foi construído com esses recursos, mas como são empresários, limpinhos e cheirosos, não há problema. Nosso bom Skaf pode decorar o edifício com milhares de luzes verdes e amarelas e cortá-las com a faixa de "impechment já", e fazer isso em nome do Brasil, mas nada vai esconder o fato de que aquele prédio foi construído com dinheiro que ele hoje diz que, se for tirado dele, ele vai à guerra!! Foi o que vi ao descer do táxi. A FIESP ornada de verde e amarelo, e três dezenas de barracas de pessoas acampadas sob a marquise do edifício com faixas e cartazes contra Lula e o PT e Dilma e Cuba e os comunistas no poder. A FIESP também convocou os seus para a guerra.
Um fankeiro carioca convocou os morros para a praia de Copacabana no domingo. Os morros e as periferias. O MBL convocou os "brasileiros" (a gente do morro não é brasileira) para o mesmo local, e nas redes sociais a classe média convoca todos para a grande catarse.
Teremos 200 mil pessoas na esplanada dos ministérios em Brasília à espera do desfecho, separadas por uma cerquinha de metal. Todas, ou a maioria, militantes radicalizadas de uma ou outra causa.
Domingo tem tudo para transformar o Brasil numa praça de guerra.
Então: que tal evitar provocações? Que tal deixar prá lá quando alguém pular a cerca brandindo porrete ou haste de bandeira?
Sei que isso é quase impossível, por isso estou assustado com o que pode ocorrer no domingo. Porque a convulsão social está no DNA dos golpes, seja no momento em que são perpetrados, seja no dia seguinte.
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