E os socialistas do PSB, heim? Esperaram o último momento, sondaram a direção e a velocidade do vento, calcularam o volume de água, para, enfim, decidir que a onda que deveriam surfar seria a dos impitimistas. E vocês ficam aí pasmos porque Michel Temer foi "flagrado" dormindo há meses com a faixa presidencial e ensaiando o seu "improviso", todo trabalhado na surpresa genuína e na humildade mais contrita. O que esperavam do PMDB e de Temer? Que se orientassem por princípios? Que tivessem lealdade? Que as hienas contivessem os apetites quando a leoa sangra? Rá. Há 25 anos ensino aos meus alunos que o PMDB é aquele sujeito que vende a mãe no atacado, mas não a entrega. Porque tem certeza de que podem ganhar mais um troco revendendo-a, depois, no varejo, entregando um pouco da velha de cada vez. Por que mudaria agora?
Desconcertados deveriam era ficar com os socialistas, que, com entusiasmo insuspeito, não só escolheram o dia de ontem para escolher a sua canoa, mas hoje mesmo se gabam, no site no partido, de ter ajudado a aprovar o impeachment na comissão especial da Câmara. Em um momento de epifania à Ary Fontoura, o socialista Danilo Forte (CE) redefiniu magistralmente a legitimidade do impeachment: "Golpe é o sofrimento que o povo está vivendo. Golpe é a carestia que faz com que o quilo de farinha esteja mais de R$ 8. Golpe é fazer com que o botijão de gás para família que precisa custe mais de R$ 60". O Direito Constitucional foi à xepa e resolveu que quando aumenta o preço da farinha expira automaticamente o mandato da presidente.
O curioso é que o Partido Socialista Brasileiro é "bolivariano" por antonomásia, segundo a taxonomia corrente dos seus novos amiguinhos. Além de socialista, em nome e manifesto, exibe orgulhosamente o seu pertencimento a uma Cordinación Socialista Latinoamericana. Demais disso, tem sido sócio do PT em empreendimentos políticos em grande parte da sua existência. A onda é coxinha, sim, mas, pelo visto, se o negócio é tomar o mandato presidencial, tem lugar até para socialistas, sim Senhor. E tem lugar até para quem considera que o aumento do preço da farinha é crime de responsabilidade. "Que faaaase, amigos" (LEITE, Milton).
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