
UNIÃO RACIONAL
Se não vai ter golpe, ainda é incerto. Depende dessa Câmara dos Deputados, cuja maior bancada é a dos amigos de Eduardo Cunha, vinho da mesma cepa, fora as outras que lhe prestam vassalagem de conveniência.
Certo mesmo é que não haverá a “união nacional” sonhada em voz alta pelo ansioso Michel Temer, em sua assunção precoce da cadeira alheia, no vazamento da hora.
União nacional…
União com golpistas? União com fraudadores da vontade das urnas? União com manipuladores da ordem jurídica? Com algozes ilegítimos de uma mandatária legítima?
Não vai rolar.
Mas podem contar com repúdio e combate incansável, do primeiro ao último minuto da aventura golpista - caso a História venha a golpear o Brasil com a desventura desse impeachment infame.
Comandado por farsantes… Advogado por cúmplices… Noticiado por oligarcas… Apoiado por inconsequentes…
Um golpe ao feitio da canalhice brazuca, a serviço de interesses antipopulares e antinacionais.
Que tipo de negociação pode haver com essa gente?
A união nacional só pode ser feita no respeito às regras, não no tapetão das conveniências políticas. E deve ser negociada por gente séria, não por usurpadores rasteiros, de moral e honestidade duvidosas.
Pacificar o país é o que se deseja? Retomar o crescimento? Romper a paralisia de decisões, iniciativas e ânimos?
Muito bem: que seja feito sem golpe. Com a presidenta eleita em pleno gozo do mandato conferido. Com as forças políticas de volta ao debate civilizado.
Como mandam a lei, a ordem, a moral e os bons costumes, tão supostamente caros aos golpistas que não assumem o nome do que fazem.
A normalização da vida nacional tem um caminho simples, perfeitamente exequível:
1) Os pitbulls do fascismo de volta à casinha;
2) A oposição derrotada em 2014 reconhecendo enfim a derrota;
3) O governo apresentando um projeto para o mandato, não apenas concessões aos adversários;
4) O parlamento cumprindo seu papel de apreciar, propor, debater e votar leis de interesse comum, sem pautas-bomba e fomento do caos.
Essa é a única união nacional possível, em regime democrático. Embate das diferenças, com respeito à lei e à convivência civilizada.
Respeito à República, enfim, sob o império do voto.
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