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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A Brasília que poucos conhecem

Médico de Brasília produz no cerrado vinho na lista dos melhores do mundo Vinhedo em Cocalzinho produz quatro mil garrafas vendidas por até R$ 70.
Revista de gastronomia apontou tinto como um dos cem melhores de 2012.

Isabella Formiga e Vianey Bentes - G1

Médico e proprietário da Pireneus Vinhos e Vinhedos, Marcelo Souza segura cacho de uvas em Cocalzinho de Goiás (Foto: Vianney Bentes/G1)

Um médico do Distrito Federal com uma paixão de longa data por vinhos e sem nenhuma experiência na área decidiu, em 2004, implantar um vinhedo e produzir os primeiros vinhos tintos finos do cerrado. A experiência foi tão bem-sucedida que, logo na primeira colheita comercial da safra, em 2010, o Banderas, um dos rótulos produzidos, foi apontado como um dos cem melhores vinhos tintos do mundo em 2012 por uma publicação especializada em gastronomia.

Funcionário cuida de vinhedo em Cocalzinho de Goiás, município goiano a 130 km de Brasília (Foto: Vianney Bentes/G1)

Temos as mesmas condições climáticas de regiões produtoras, com temperaturas semelhantes às do verão mediterrâneo. O cerrado de altitude tem dias secos e quentes e noites frias, como nos países produtores de vinho. Temos o potencial climático para termos uma grande uva e, logo, um grande vinho"

O sucesso comercial se traduz em números. As quatro mil garrafas da safra de 2010 das marcas Banderas e Intrépido, comercializadas a R$ 65 e R$ 70, respectivamente, foram todas vendidas.

Natural de Piracanjuba, em Goiás, o otorrinolaringologista Marcelo de Souza diz que não cresceu próximo a fazendas e nunca teve experiência com plantações. Segundo ele, a paixão por vinhos surgiu quando se mudou para São Paulo para fazer uma especialização. Ele conta que era vizinho de uma importadora da bebida e que adquiriu como hábito passar pela loja para experimentar vinhos de diferentes partes do mundo.

Ao voltar para Goiás, Souza continuou a estudar a bebida e passou a frequentar grupos de degustação como hobby. A ideia de implantar um vinhedo surgiu, segundo ele, “a partir de uma analogia”.

"Foi uma analogia das necessidades que a videira tem para amadurecer a uva. Temos as mesmas condições climáticas de regiões produtoras, com temperaturas semelhantes às do verão mediterrâneo", disse. "O cerrado de altitude tem dias secos e quentes e noites frias, como nos países produtores de vinho. Temos o potencial climático para termos uma grande uva e, logo, um grande vinho."

Rótulos

O vinho Banderas, o mais famoso produzido pelo médico, tem predominância da uva barbera (85%) com 10% de tempranillo e 5% de sangiovese.

 Vinho passa até seis meses em barricas americanas e francesas dentro de um ambiente climatizado (Foto: Vianney Bentes/G1)

Em 2012, o Banderas foi considerado um dos cem melhores vinhos do mundo pela revista "Prazeres da Mesa" – lista na qual apenas sete marcas eram brasileiras. O rótulo também foi considerado pela revista "Baco" como um dos três melhores vinhos brasileiros acima de R$ 60 e o "Anuário do Vinho Brasileiro 2013" listou o Banderas como o melhor da categoria “outras castas tintas”.

Segundo Souza, o rótulo tem aromas bastante frutados e sabores intensos com notas de chocolate e de café. "É um vinho macio e pronto para tomar, não precisa guardar para melhorar."

Já o Intrépido tem predominância de syrah (87%) com 13% de tempranillo e é comercializado a R$ 65. "Ele é duro e tânico, o tipo de vinho que evolui na garrafa", diz Souza. "O perfil do vinho é de frutas vermelhas e escuras, além de especiarias, como cravo e pimenta."

Sobre o preço relativamente elevado dos produtos, Souza afirma que além da qualidade atestada por premiações, a demanda pelo vinho é maior do que a oferta. “O preço do vinho tem vários reflexos. Um é a qualidade. Ele compete com produtos do mesmo preço e mais caros. É um vinho raro, mal sai do estado de Goiás.” (...)

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