Almanaqueiras: ou não queiras.

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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"A distância pode causar saudades, mas nunca o esquecimento"


Súplica

João Nogueira e PC Pinheiro

O corpo a morte leva

A voz some na brisa

A dor sobe pra'as trevas

O nome a obra imortaliza

A morte benze o espírito

A brisa traz a música

Que na vida é sempre a luz mais forte

Ilumina a gente além da morte

Venha a mim, óh, música

Vem no ar

Ouve de onde estás a minha súplica

Que eu bem sei talvez não seja a única

Venha a mim, oh, música

Vem secar do povo as lágrimas

Que todos já sofrem demais

E ajuda o mundo a viver em paz


Espelho
João Nogueira

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai 

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai 

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar 

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