Feliz Natal!
Então é Natal!
Leda Nagle - O Dia
Rio - Tem coisa que a gente não compra por dinheiro nenhum. Ou nasce com ou tem que aprender a viver sem. Família grande que faz festa animada e harmoniosa no Natal é uma destas coisas. Adoro quando me contam de um Natal destes, de preferência quando é na casa de uma matriarca que passa dias na cozinha preparando iguarias que só se come uma vez por ano e que têm gosto de infância. Gosto mais ainda quando a história vem acompanhada de detalhes tipo “a rabanada da tia Neném ninguém faz igual” ou “a salada de queijo do tio Zéluiz é imperdível”. Me dá uma espécie de nostalgia do que não vivi. Claro que, a esta altura da vida, não entro em sofrimento até porque já construí uma enorme e alegre família de amigos que já são de tanto tempo que já viraram família mesmo, com todos os deboches e reclamações da família natural. Mas, vamos combinar que, esta época do ano, entre o Natal e o Ano Novo, tem sempre um clima de que o mundo vai acabar à meia-noite. Pessoas que você não viu o ano todo ligam com a mesma proposta, que sabem que não será realizada , tipo “vamos ver se a gente se vê até o final do ano”. Sua caixa de e-mails recebe centenas de árvores de Natal de gente que você nem se lembra se falou durante o ano que se encerra. Várias lembrancinhas se acumulam na sua casa já entulhada de tudo que você deixou pra resolver “mais pro final do ano”. Sem reclamar do trânsito, só pra não ficar muito repetitiva, corre-se,loucamente, de um lado para o outro, enfrenta-se toda sorte de filas nas lojas, nos supermercados, encara-se uma maratona de confraternizações no trabalho, com amigos visíveis e ocultos que chega-se à noite de Natal precisando de uma pausa, nem que seja ensurdecedora, com crianças correndo, adultos discutindo política, com o volume aumentando na proporção direta ao aumento do número de brindes. De certa forma atordoa e acalma. Afinal, quem conseguiu cumprir a agenda de almoços e jantares, comprou todos os presentes (os que dão prazer e aqueles que você compra só pra se livrar), achou a roupa certa e já sabe tudo o que vai fazer na noite do dia 31, para poder responder à primeira pergunta da noite (“E o réveillon?”) tem mais é que comemorar mesmo. Exausta, já acorda tendo que se preparar para sair de novo ou para receber em casa, para o almoço de Natal. E ainda faltam alguns telefonemas para parentes distantes, algumas mensagens a responder. Mas, se tudo der certo, depois de abraços sinceros, e outros nem tanto, encontros adoráveis e outros totalmente dispensáveis, só resta uma alegria: descobrir que sobreviveu. E uma promessa: no ano que vem, vou começar a me preparar para o Natal em março. Por enquanto, entre uma rabanada e outra, Feliz Natal!
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